Uma das gigantes do agronegócio mundial, a Archer Daniels Midland (ADM) anuncia hoje a expansão de três de suas unidades de processamento de oleaginosas no Brasil, nos estados de Mato Grosso do Sul, Maranhão e Minas Gerais.
Segundo a empresa, haverá um acréscimo de 400 mil toneladas por ano, distribuídas nas fábricas de Campo Grande-MS, Porto Franco-MA e Uberlândia-MG.
O presidente do negócio de oleaginosas da ADM na América do Sul, Luciano Botelho, afirmou que “o projeto se concretizou para atender à crescente demanda interna e para exportação de derivados do esmagamento de grãos".
Ele ressaltou que as instalações estão localizadas em pontos estratégicos do País e a decisão de fazer estes investimentos é importante para "para consolidar a posição da ADM no mercado de esmagamento e garantir que continuaremos na vanguarda do crescimento no Brasil.”
A empresa não informou o valor do investimento nos projetos, nem detalhou a atual capacidade de esmagamento das três unidades.
De acordo com a Pesquisa de Capacidade Instalada das Indústrias de Óleos Vegetais, divulgada em setembro deste ano, pela Abiove, no Brasil o volume processado pode atingir 69,2 milhões de toneladas, 5,6% superior ao registrado em 2022. A capacidade das 106 plantas ativas no País, de 63 empresas, foi estimada em 193,9 mil toneladas/dia.
No Maranhão, segundo a pesquisa, a ADM é única esmagadora listada, o que indicaria uma capacidade de 1.500 toneladas/dia na unidade e, considerando os 330 dias que a Abiove utiliza no cálculo, seriam 495 mil toneladas por ano na fábrica maranhense da multinacional.
Em Minas Gerais, as quatro processadoras listadas pela entidade, totalizam 9,75 mil toneladas/dia, ou 3,2 milhões de toneladas por ano. Duas fábricas de Minas são da ADM.
Já em Mato Grosso do Sul a ADM tem uma de um total de nove unidades fabris de diferentes empresas. Mas a capacidade total de esmagamento de todas elas é bem menor se comparada ao polo mineiro, são 1,5 mil ton/dia.
Empresa conclui compra da Buckminster
A ADM informou que concluiu a aquisição da participação majoritária da empresa Buckminster Química, fabricante de glicerina refinada com sede em Macatuba, no interior de São Paulo.
"A sustentabilidade é uma das tendências de demanda global que impulsionam oportunidades de crescimento para a ADM", afirmou Luciano Botelho.
"A glicerina refinada de origem biológica tem uma ampla variedade de usos como componente de produtos industriais e de consumo, e a adição da Buckminster Química - que já era fornecedora para nosso negócio no Brasil - é mais uma maneira pela qual estamos ampliando nosso portfólio e expandindo nossas capacidades para atender às crescentes necessidades dos clientes por produtos obtidos de forma sustentável, abrangendo alimentos, ração, combustível, produtos industriais e de consumo".
A glicerina produzida pela Buckminster é destinada a empresas farmacêuticas, de alimentos, e de produtos kosher, aqueles que obedecem às leis alimentares judaicas.
A ADM já mantinha desde 2018 uma parceria comercial com a empresa e no mês de julho deste ano, anunciou a aquisição de quotas de participação por meio de uma joint venture.
A glicerina bruta que sobra do processo de produção de biodiesel de soja da ADM em Rondonópolis (MT) – unidade que também estaria passando por um processo de expansão - e Joaçaba (SC) é processada em Macatuba e transformada em glicerina destilada vegetal.
Segundo a ADM, “a aquisição da participação na Buckminster tem por objetivo elevar a captura de margens ao longo dessa cadeia de valor e abrir novos mercados".
A expectativa é de que a ADM, e outras indústrias do segmento, sigam ampliando investimentos com base no potencial aumento do percental de mistura de biodiesel ao diesel comum.
Na divulgação da pesquisa de setembro, a Abiove previu cerca de R$ 6 bilhões em investimentos na indústria de óleos vegetais no próximo ano, o que deveria trazer um aumento de capacidade estimado em 19.000t/dia.
Como o anúncio da ADM somente para MS, MG e MA prevê um acréscimo de 1,2 mil t/dia, seria possível estimar – utilizando as premissas usadas pela Abiove - que o investimento giraria em torno de R$ 380 milhões.
Após um encontro com representantes da Abiove e da Anec, o ministro da Agricultura Carlos Fávaro afirmou recentemente que este setor prevê investir R$ 10 bilhões, principalmente em esmagamento e produção de biocombustíveis.
Em entrevista ao AgFeed este ano, a Aprobio, que representa as indústrias de biodiesel, estimou um acréscimo de 10 milhões de toneladas de soja na demanda das fábricas caso a mistura suba dos atuais 12% para 15% em abril do ano que vem.
Até o momento a expectativa é de que o governo siga o cronograma já previsto e eleve para 13% a mistura dentro deste prazo. Os 15% estão previstos para 2026.