A rede de restaurantes Madero protocolou junto à CVM um pedido para registrar um novo CRA da empresa. O título é o segundo do tipo da companhia, e tem como objetivo captar R$ 150 milhões.
De acordo com a empresa, o dinheiro captado será destinado integralmente para comprar produtos agropecuários in natura dos mesmos produtores rurais com quem a empresa já tem relação comercial.
Os CRAs servirão de lastro para a sexta emissão de debêntures do Madero, cujo vencimento será em seis anos, em 2029.
Para os acionistas, as debêntures terão duas séries, sendo a primeira com uma remuneração de 100% da taxa de juros DI, somado a um retorno de 4% a 4,25% ao ano.
Já a segunda série de emissão terá um retorno de, no máximo, 13,50% e no mínimo 13,25% ao ano. Cada título custará R$ 1 mil.
A empresa tem apresentado dificuldade em se equilibrar com as dívidas. A rede de restaurantes terminou 2022, por exemplo, com dívida bruta de R$ 988,962 milhões.
Agora, além da emissão, a empresa divulgou um cronograma para amortizar a dívida. No itinerário, a projeção era reduzir em R$ 85 milhões o montante em 2023, $ 289 milhões em 2024, R$ 272 milhões em 2025, R$ 240 milhões em 2026, R$ 87 milhões em 2027 e R$ 15 milhões em 2028. A empresa fechou o ano passado com R$ 90 milhões em caixa.
Em julho deste ano, a companhia renegociou com bancos e debenturistas dívidas que somavam R$ 435 milhões, quase metade do total do final do ano passado.
Dessa forma, alongou o prazo para pagar dívidas de 2023 para o ano que vem. A perspectiva é que isso reduziu a dívida de curto prazo em 44%, segundo afirmou a administração no balanço do segundo trimestre.
No ano passado, a empresa emitiu um CRA no valor de R$ 500 milhões. A remuneração dos títulos, que vencerão em 2027, é atrelada ao IPCA mais 9,17% ao ano.
Na ocasião, os bancos que organizaram a oferta do CRA compraram boa parte dos papéis emitidos. BTG Pactual, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú subscreveram mais de 70% dos títulos por conta da baixa demanda.
Os CRAs são geralmente vendidos para pessoas físicas, mas a dívida pode ter assustado os investidores. A empresa já teve planos de abrir seu capital, porém acabou postergando dadas as condições do mercado, o próprio aumento de dívida do Madero e pela pandemia de Covid-19.
Com o alívio no caixa, a empresa do chef Junior Durski pode voltar a sonhar com papéis negociados na B3. Do lado operacional e financeiro, os resultados têm mostrado uma evolução.
No primeiro semestre deste ano, a receita líquida da companhia bateu os R$ 804 milhões, um avanço de 18,6% frente ao mesmo intervalo do ano passado.
O prejuízo encolheu 20% na comparação, e passou de R$ 89,2 milhões em junho de 2022 para R$ 71 milhões negativos em 2023.