O agronegócio brasileiro é visado por empresários e grupos de vários segmentos. Não poderia ser diferente para os fabricantes de drones, equipamentos que já caíram no gosto dos produtores rurais, mas ainda com grande potencial a ser explorado.
Não é diferente na GoHobby, fundada em 2011 por Adriano Buzaid, ex-piloto de automobilismo. “Naquela época, pensar em vender drones era considerado loucura. Havia pouca informação, não estava claro como seria a utilização”, conta.
Agora, 12 anos depois, a empresa, que já tem uma posição importante na venda de drones para setores como mineração e segurança pública e privada, resolveu alçar voo no setor da economia brasileira que mais cresce nos últimos anos, em parceria com a fabricante chinesa DJI Agriculture.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Aviação Agrícola (Sindag), existem atualmente cerca de 10 mil drones em operação na agricultura brasileira. Mas Buzaid vislumbra um mercado imensamente maior.
“As estimativas são de que o potencial dos próximos cinco anos é de 120 mil drones de pulverização no agro. E nós estamos literalmente começando. Em julho, importamos os primeiros itens voltados para o setor”, conta Buzaid.
Confiando na experiência que já tem em outros setores, o CEO acredita que a GoHobby pode atingir a liderança em drones também no agronegócio.
“Quando começamos, levamos cerca de 15 meses para atingir a liderança no mercado Enterprise (classificação de empresas de tecnologia para grandes empresas). Acredito que, no agro, podemos atingir esse patamar num período entre 15 e 20 meses”, afirma.
Para isso, a GoHobby confia em duas categorias principais de produtos. Além do pulverizador, a empresa começa a oferecer também drones para mapear as propriedades rurais, ajudando principalmente na agricultura de precisão.
No caso da pulverização de defensivos, Gabriel Santos, gerente de produtos agrícolas da GoHobby, afirma que os drones conseguem ajudar os produtores de várias formas.
“Numa cultura de café de morro, de 10 hectares, a aplicação é muito complicada. É um caso típico em que um drone consegue ajudar”, afirma.
Santos defende ainda que os drones, além de custarem menos que um pulverizador tradicional, evitam perdas causadas por danos nas plantações.
“Numa cultura de arroz em Santa Catarina, por exemplo, tivemos informações sobre perdas que chegam a 30% da safra por conta de pulverizadores que amassam as plantas. Nas bordas das plantações, os drones também ajudam, já que os aviões não conseguem ter o mesmo nível de precisão”, explica Santos.
Apesar de mais barato que os grandes pulverizadores, o custo de um kit de drone não é baixo. Segundo Buzaid, os preços dos modelos podem variar de R$ 135 mil a R$ 200 mil. No caso do modelo que faz imagens, que tem um porte menor, o custo gira em torno dos R$ 35 mil.
Santos explica que um único drone consegue ter autonomia para cobrir uma área de 200 hectares. “No caso, ou o produtor atua nesta área e recarrega, ou compra mais de um drone”.
As vendas serão feitas por distribuidores e concessionárias, sem contato direto com o consumidor final.
Além da DJI, a GoHobby tem parceria também com a israelense AgroScout, para capturar dados das imagens feitas via drone e estabelecer um uso mais preciso de defensivos.
Sobre a empresa, Buzaid conta que a expectativa é superar os R$ 100 milhões em faturamento neste ano. Em 2024, este número deve subir bastante: o fundador espera que a GoHobby tenha R$ 150 milhões em receitas nos próximos 12 meses somente com o agronegócio.
“Nestes anos de existência, temos crescido pelo menos 50% ao ano, mas em muitos períodos, mais que dobramos nosso tamanho”, afirma.