Nas décadas de 1980 e 1990, era muito comum ouvir nas escolas o termo “êxodo rural” para identificar o aumento da população urbana no Brasil, enquanto as áreas rurais registravam o movimento inverso.
Neste momento, há um movimento de “retorno” ao campo, não necessariamente em presença física, mas pelo menos nas atenções mercado financeiro. A gestora GCS Capital, fundada em 2019, está neste caminho.
A empresa já tem produtores rurais em sua carteira de clientes. Segundo o CEO Charluan Gamballe, o próximo passo é oferecer mais soluções além da gestão de recursos e patrimônio.
A GCS tem dois Fiagros em fase de estruturação, que devem ser lançados ainda em 2023. Um deles terá como base FIDCs com recebíveis de uma cerealista do Sul do país, que já financia toda sua base de clientes. “Nesse fundo, a expectativa é abrir com uma oferta entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões”, conta Gamballe.
O CEO da GCS diz que também já tem conversas avançadas com outra empresa que tem interesse no mesmo modelo. “Vamos fazer o IPO deste Fiagro já pensando no follow-on”, afirma. Ele ainda não tem projeção para o volume desta oferta subsequente do fundo.
Outro Fiagro que está sendo desenhado pela GCS é no modelo de Participações, o chamado Fiagro-FIP. Neste caso, envolveria lotes em fazendas.
“Vamos ter neste fundo hectares de terra que já estão produzindo, e outros que podem se tornar produtivos”, explica Gamballe.
Ele calcula que esse Fiagro será lançado com uma base de aproximadamente 100 mil hectares para os investidores. “Não sabemos dizer ainda os valores da oferta, porque as fazendas estão em fase de avaliação”.
Gamballe afirma que a estrutura é muito parecida com a de um Fundo Imobiliário, e que só não é classificado assim porque a venda de commodities também fará parte do patrimônio.
A GCS vai lançar também uma emissão de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) de R$ 20 milhões, para um cliente que fatura entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões por ano.
“Ele precisava de R$ 15 milhões para fazer investimentos. Nós conseguimos garantir R$ 20 milhões, com carência de seis meses, sendo que os recebíveis vão começar a entrar em três meses”, detalha Gambelle. Mesmo com todas estas definições, este CRA ainda está em fase de estruturação.
Gamballe conta que a GCS Capital começou sua atuação no agronegócio há cerca de quatro meses, oferecendo serviços de gestão de recursos e de patrimônio.
No final de julho, a gestora anunciou a contratação de Evandro Vargas como diretor de Expansão & Agro, e de Lilian Machado como diretora Comercial.
Vargas tem 23 anos de experiência na cadeia do agronegócio, atuando em empresas como Bayer, Basf e Dupont. Lilian Machado tem 12 anos de atuação no mercado financeiro, com passagens por grandes bancos como Bradesco, BTG Pactual e HSBC.
O CEO da gestora afirma que as contratações servem para melhorar o diálogo com os produtores rurais. “Nós atuamos numa faixa que abrange pequenos e médios produtores. Mas quando falamos em pequenos e médios, estamos tratando de faturamentos anuais de até R$ 200 milhões”, explica Gamballe.
O executivo afirma que a GCS tenta atuar na melhora do equilíbrio entre caixa e patrimônio do produtor rural, que muitas vezes tem problemas nesta gestão.
“Temos uma cliente que tem faturamento anual de R$ 50 milhões com a produção, mas patrimônio imobiliário com valor geral de vendas (VGV) de R$ 300 milhões. Esse descasamento entre caixa e patrimônio acontece com 99% dos produtores que conheço”, ressaltou.
A GCS Capital tem sua origem ligada ao mercado imobiliário de hospitalidade, ligada à G2 Implantação & Consultoria Hoteleira, que já lançou mais de 150 empreendimentos nos últimos 30 anos.
Recentemente, a gestora fechou uma parceria com o BTG Pactual, que permite a seus clientes ter acesso à plataforma e aos produtos do banco.