Uma das maiores locadoras de veículos do Brasil, a Unidas, está de olho na safra de cana-de-açúcar e aumentou em 70% em volume transportado do produto na safra 2022/2023, com perspectiva de seguir avançando na próxima temporada.
Sem dizer quanto é o faturamento da companhia somente com o agronegócio, o CEO da Unidas, Claudio Zattar, projeta que a safra 2023/2024 represente um crescimento entre 25% e 30% no faturamento com os serviços de locação para os produtores sucroalcooleiros.
“Nós temos hoje uma equipe de 1.200 pessoas trabalhando exclusivamente na safra de cana, fazendo manutenção, operando caminhões e máquinas, prestando todos os serviços que envolvem o transporte de cana entre a plantação e as usinas”, conta Zattar.
A Unidas tem uma atuação concentrada em quatro grandes empresas do setor, segundo o CEO. A locadora atua em unidades da Raízen, da BP Bunge, da Tereos e da Atvos. “Nós recuperamos recentemente a operação de uma das usinas da Atvos, em Santa Luzia, no estado de Mato Grosso do Sul. Tínhamos perdido uma concorrência em 2018, e retomamos no ano passado”, conta o executivo.
Toda esta operação da Unidas no agronegócio tem origem na Ouro Verde, empresa que atua desde a década de 1970 em locação de caminhões e máquinas pesadas.
A marca foi incorporada pelo Grupo Unidas no ano passado, após a controladora da Ouro Verde, a gestora canadense Brookfield, comprar ativos da Unidas que pertenciam à Localiza. Esta aquisição aconteceu depois da fusão entre Localiza e Unidas.
Segundo Zattar, hoje, dentro do Grupo Unidas, que continua atuando com locação de automóveis, o segmento de pesados representa cerca de 44% do faturamento. “Dentro deste universo, o agro responde por cerca de 25% das receitas”.
Sobre a próxima safra de cana, o executivo da Unidas acredita que será muito positiva. “Vai ser uma safra com boa produtividade, e que pode ter até uma duração maior, com a colheita indo além de novembro”, afirma.
Por conta desta relevância, o executivo diz que a Unidas tem o plano de continuar crescendo dentro do agronegócio, indo além da cana-de-açúcar. A empresa comprou recentemente duas colheitadeiras de café, por R$ 4 milhões cada uma, para alugar a produtores.
“A grande questão é que o produtor de cana é mais aberto à terceirização de serviços como logística. Nas outras culturas, os agricultores têm uma questão com a posse do bem”, explica Zattar.
Ele afirma que os produtores de soja, por exemplo, têm resistência por conta do receio de algo dar errado com a máquina alugada, e isso atrasar alguma fase da produção. “Eles têm as colheitadeiras novas, e geralmente uma outra mais antiga de reserva. Também podem ter esta estrutura na locação, mas claro que entra no preço”, explica o CEO da Unidas.
Zattar acredita que pode haver uma transição de gerações que pode beneficiar este tipo de terceirização. “Acho que a próxima geração sabe mais sobre o custo de manter um capital inutilizado”, avalia.
Após as transações envolvendo a companhia no ano passado, o Grupo Unidas segregou também seus resultados. A Unidas Frotas teve lucro líquido de R$ 42,3 milhões no primeiro trimestre deste ano, valor 2,5 vezes maior em relação a 2022.
A receita líquida com veículos pesados cresceu 56,9% em um ano, para R$ 205,8 milhões no primeiro trimestre deste ano. A terceirização de frota responde por mais de 70% deste valor, contando aí todos os setores da economia.
Mas a venda de pesados seminovos também ganhou espaço este ano, crescendo mais de 65%, para R$ 59,2 milhões. “Este mercado secundário tem se tornado cada vez mais relevante dentro da empresa”, afirma Zattar.