Um ano depois do encerramento do processo de Recuperação Judicial e no decorrer de uma oferta pública para aquisição de ações feita pelo novo controlador, a Fertilizantes Heringer divulgou seus resultados do primeiro trimestre com um paradoxo aparente. As vendas aumentaram significativamente em relação ao ano passado, mas a empresa amargou um prejuízo.
As vendas entre janeiro e março totalizaram 469,3 mil toneladas de fertilizantes, aumento de 55,8% na comparação com o mesmo período de 2022. Com isso, a receita líquida também registrou crescimento, mas em proporção bem menor, de 11,7%.
A partir daí, os números começam a refletir os problemas apontados pela diretoria em apresentação a analistas e investidores. O Custo dos Produtos Vendidos subiu mais de 30% em um ano, e os pagamentos de fretes e comissões também tiveram elevação importante, de quase 47%.
Outras despesas, como as administrativas, também subiram mais de 65% em um ano. Com tudo isso, o Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações da Heringer ficou negativo em R$ 139,5 milhões.
O prejuízo registrado no primeiro trimestre foi de R$ 131,5 milhões, ante lucro líquido de R$ 128,3 milhões apurado no mesmo período de 2022.
Segundo a diretoria, além da queda nos preços dos fertilizantes, que em alguns casos levaram a Heringer a ter margem negativa nas vendas, a composição das vendas também não foi favorável.
“A redução constante nos preços dos últimos 6 meses acarretou uma menor margem na venda dos produtos, os quais tiveram em alguns casos venda abaixo dos custos de aquisição de estoque, já que no geral a compra ocorre meses antes da venda”, diz a Heringer em comentário sobre os números.
No primeiro trimestre de 2022, a linha Especial, com produtos de maior valor agregado, representou 51% das vendas totais, ante 49% da linha Convencional. Neste ano, os especiais representaram 35% do volume, ante 65% dos convencionais.
Em apresentação a analistas, a companhia destaca o aumento de 100% nos volumes vendidos para produtores de milho, e de 77% para fazendas de café. As duas culturas são as principais compradoras dos fertilizantes da Heringer.
Ao falar das perspectivas, a Heringer afirma que o cenário para os preços não mudou. Segundo a empresa, há uma grande disponibilidade de matérias primas no mercado externo. Entre dezembro de 2022 e março deste ano, os preços da ureia e do cloreto de potássio caíram 36% e 12%, respectivamente.
Ainda segunda a companhia, a postergação da compra de insumos pelos produtores também afeta os preços no mercado.
A perspectiva é que o volume de fertilizantes consumidos até o fim da safra 22/23 chegue a 41,1 milhões de toneladas, queda de 10,5% em relação à safra anterior. Já a produção deve fechar o ciclo em 313,8 milhões de toneladas, segundo projeção da Conab, aumento de 15,2%.