A Anuvia Plant Nutrients já foi vista como uma reluzente promessa entre as startups do agronegócio. Com a promessa de produzir uma nova categoria de fertilizantes, mais modernos e eficientes, levantou mais de US$ 300 milhões em diferentes rodadas de captação e chegou a ser apontada como uma empresa com grade potencial de crescimento pelo Financial Times.
Fama e dinheiro, porém, não foram suficientes para a startup colher bons frutos no longo prazo. Na última sexta-feira (26), o então CCO da empresa, Hugh MacGillivary, informou que a Anuvia suspendeu todas suas operações, demitiu seus funcionários e que irá liquidar seus ativos.
“Estou desapontado por não termos levado o negócio até a linha de chegada, mas agradeço a todos que acreditaram em nós e percorreram este caminho conosco”, escreveu o executivo em seu perfil no LinkedIn.
A Anuvia produzia fertilizantes do tipo SymTRX, com tecnologias que ao mesmo tempo que combinavam a nutrição das plantas com a conservação do solo.
Os produtos eram vistos com bons olhos e os investidores compraram os planos ousados da empresa, mas acabaram se frustrando. A meta da Anuvia era fazer com que seus fertilizantes fosse utilizados em mais de 8 milhões de hectares até 2025, mas até o final de 2021 havia atingido apenas pouco mais de 200 mil hectares.
Aos poucos, o mercado foi percebendo que nem mesmo os aportes milionários não dariam conta do cenário projetado. Para se ter uma ideia, com base em relatórios de planos de expansão e novas instalações de gigantes do setor como Yara, Mosaic e Nutrien era possível estimar que os custos para chegar aos números pretendidos somariam mais de US$ 1 bilhão.
O dinheiro para escalar a fabricação de fertilizantes, portanto, não é pouco. Para piorar, o cenário de taxas juros se elevando ao redor do mundo, e em específico nos Estados Unidos, não contribui para as empresas e startups que precisam tomar dinheiro para crescer.
Ser uma startup dentro de um universo de players com escala mundial deixa o desafio ainda mais complexo. Com Mosaic e Nutrien na jogada, a empreitada teria que se diferenciar de forma ampla para ganhar mercado.
A Anuvia levantou mais de US$ 307 milhões nos últimos anos. O investimento mais recente foi anunciado em abril do ano passado, quando captou, numa série do tipo D, US$ 65,5 milhões. Dentre os parceiros da empresa estavam inclusive gigantes do segmento como a Mosaic e a Novozymes.
Essa última rodada foi encabeçada pela Riverstone Holdings e pela Piva Capital. Além delas, estava presentes o banco de investimentos do Morgan Stanley, a LK e a Pontifax Global Food and Agriculture Technology Fund.
A empresa estava sem CEO desde dezembro passado, quando a executiva Amy Yoder havia anunciado seu desligamento. O fato ligou um ponto de atenção no mercado.
Agora, a Anuvia fecha as portas, sem sequer a expectativa de ser adquirida por um concorrente. Como eventual legado, é possível que a Anuvia venda suas patentes para outros concorrentes.
A empresa possui 10 patentes concedidas, além de outras arquivadas. Com esse movimento de fechar o negócio, o preço pode baixar, o que atrai interessados, mas reduz as chances de os investidores reverem uma fatia maior do seu dinheiro.