O Brasil tem um grande déficit de armazenagem de grãos, e a expectativa para os próximos anos é de aumento nos investimentos neste setor. Não por acaso, a Kepler Weber, maior empresa do setor de infraestrutra de armazenagem de grãos do Brasil, apresentou o segundo melhor resultado da história para um primeiro trimestre. E acaba de anunciar que se prepara para colocar seus pés nos mercados em Nova York.

A empresa comunicou ao mercado nesta quinta-feira, 25, o início de seu programa para lançar nos Estados Unidos recibos que representam as ações da companhia, conhecidos como ADRs.

A Kepler Weber vai lançar um ADR Nível 1, que é o mais básico e que tem negociação somente em balcão. Ou seja, a empresa não é obrigada a apresentar balanços para a SEC, órgão regulador do mercado de capitais americano, e a negociação dos recibos acontece somente com a intermediação de agentes financeiros, como bancos e corretoras.

De qualquer forma, com o movimento a Kepler Weber facilita a negociação de suas ações por parte de investidores estrangeiros, especialmente os americanos, no momento em que há uma demanda crescente por armazenagem de grãos no Brasil.

Para o Brasil, a agência norte-americana USDA espera uma produção de 163 milhões de toneladas na próxima safra, ante 155 milhões de toneladas na safra atual.

Para o milho no Brasil, a Conab espera que a safra 22/23 termine com a colheita de 125,8 milhões de toneladas, aumento superior a 11% em relação ao período anterior.

Apesar de ter sido historicamente bons, os resultados da Kepler Weber no primeiro trimestre de 2023 foram inferiores aos de 2022. O lucro líquido caiu quase 46%, para R$ 51,2 milhões. O Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, recuou 47%, para R$ 77,4 milhões. A receita líquida caiu 26% em um ano.

Ainda assim, a companhia comemorou o fato de que os resultados deste ano só ficam atrás dos apurados no ano passado. O retorno sobre capital investido também caiu, mas continua em níveis altos, segundo a Kepler Weber, com 80,3%.

Ao comentar os números, a diretoria da Kepler Weber ressalta que somente 14% das fazendas no Brasil têm estrutura de armazenagem. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, a Abimaq, nos Estados Unidos, essa proporção é de 66%.

Ainda segundo a Abimaq, o governo destinou R$ 5,1 bilhões para o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns, o PCA. Mas a entidade afirma que seriam necessários mais de R$ 15 bilhões por ano somente para evitar um aumento no déficit de armazenagem nas fazendas.

No caso da Kepler Weber, a empresa já está em ciclo de ampliação de investimentos. Foram quase R$ 30 milhões entre janeiro e março deste ano, ante R$ 7,5 milhões no começo de 2022.