A Yield Lab, gestora americana especializada em fundos para investimento em agtechs e foodtechs, acaba de realizar uma de suas maiores captações.
Em uma operação liderada pelo grupo mexicano Bimbo, maior produtor global de pães, o IDB Lab, braço de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o grupo químico chileno SQM, engordou o caixa de seu terceiro fundo com mais de US$ 20 milhões.
Os recursos são parte do segundo fechamento do processo de captação do fundo e devem ser aplicados em aportes em cerca de 30 startups na América Latina nos próximos quatro anos.
“O grande diferencial desse investimento é que vem de empresas que, mais que retorno financeiro, buscam startups com projetos de impacto e, assim, as ajudem a atingir seus compromissos de NeZero”, afirmou ao AgFeed Kieran Gartlan, sócio e reponsável pela operação do Yeld Lab no Brasil.
A busca por esse “dinheiro verde” tem sido uma estratégia adotada pela gestora para superar a resistência ao risco que se instalou no mercado.
Com taxas de juros atraentes, investidores com perfil mais financeiro tem se abrigado na renda fixa, dificultando o trabalho de quem busca recursos para aplicar em empresas jovens.
No caso dessa operação, o compromisso do Yield Lab é buscar startups cujo impacto consiga ser mensurado e transformado em relatórios periódicos a ser entregues aos investidores.
“O perfil desse grupo é bem diferente do que tivemos no primeiro fechamento do fundo”, afirma Gartlan. “São investidores corporativos da área de bens de consumo, preocupados com questões como originação e rastreabilidade”.
No primeiro, há cerca de um ano, foram captados cerca de US$ 15 milhões junto a family offices e outros investidores ligados à produção agropecuária. "Eram investidores estratégicos, com mais conexões para realizar testes com as soluções das startups”, explica.
Gartlan afirma que novas adesões ao fundo devem ser anunciadas nas próximas semanas, ampliando o valor desse segundo fechamento.
Segundo ele, já há alguns acordos bem adiantados, que podem ser consolidados com o anúncio feito agora. “Um investidor puxa o outro, principalmente quando alguém assina um cheque grande”, diz. A expectativa é concluir a captação do fundo até o final do ano, atingindo a meta de US$ 50 milhões.
Até o momento, sete startups já foram contempladas com investimentos desse fundo, entre elas duas brasileiras (o marketplace Seedz e a agfintech Agroforte), três argentinas, uma uruguaia e uma colombiana.
O modelo de investimento do Yield Lab prevê a emissão de cheques de valores até US$ 500 mil para os primeiros investimentos nas startups. Dessa forma, o fundo reduz o risco e tem capacidade de avaliar a qualidade das empresas.
Em um eventual segundo investimento (follow on), podem ser aplicados até US$ 2 milhões. Do total captado, explica Gartlan, cerca de 40% são usados para primeiro investimento e o restante, para follow on.
A gestora já tem mapeadas mais de 1,8 mil startups na América Latina. Segundo Gartlan, as mais recentes demonstram uma grande evolução em relação às que foram observadas há uma década.
“Vemos muito mais qualidade e maturidade nos projetos e nas pessoas”, diz. Ele cita como exemplo a brasileira Agroforte, cujos fundadores são profissionais com mais de 10 anos de mercado.
“A nova safra de empreendedores tem mais recursos, mais conhecimento e mais contatos”, diz.