A Bunge e a Belagrícola chegaram a um acordo para que a gigante americana venha a ter uma participação minoritária no grupo paranaense de distribuição de insumos, sementes e comercialização de grãos.

Segundo apurou o AgFeed junto a fontes do mercado, esse acordo deve ser anunciado nas próximas semanas.

A entrada da Bunge no capital da Belagrícola será feita através da aquisição de parte das ações pertencentes à família Colofatti, que fundou a empresa em 1985.

Atualmente, a companhia é controlada pelo grupo chinês Pengdu, que, em 2017, comprou cerca de 54% do capital. João Colofatti, atual presidente do Conselho de Administração, e seus familiares mantiveram os demais 46%.

De acordo com a apuração do AgFeed, eles estariam dispostos a abrir mão de parte desse montante, em um percentual que pode variar para cima ou para baixo a partir do encerramento da processo de avaliação da empresa.

Com sede em Londrina, no Norte do Paraná, a Belagrícola hoje atua com 52 pontos de revenda e 70 unidades de recebimento de grãos em três estados – Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Com ela, atende a uma carteira com cerca de 8,5 mil produtores rurais, segundo dados do próprio site da empresa. ´

Sua estrutura inclui também uma capacidade estática de armazenamento de 1 milhão de toneladas.

O grupo controla ainda a Bela Sementes, que produz sementes de soja no Paraná e em Patos de Minas, no Triângulo Mineiro, e a DKBR Agro, trading que atua com a importação de defensivos pós-patente da China, comercializados no mercado B2B com distribuidores e grupos agrícolas no Brasil.

O faturamento do grupo, que chegou a superar os R$ 8 bilhões no auge do mercado de commodities, em 2022, deve ficar em cerca de R$ 5 bilhões em 2024.

As conversas com a Bunge são antigas. Nos últimos dois anos, a Belagrícola esteve no centro de várias negociações com potenciais parceiros, que se afunilaram, no ano passado, para apenas dois candidatos: a companhia americana e a japonesa Sumitomo Corporation, dona da Agro Amazônia.

Nos últimos meses, entretanto, a Bunge acabou obtendo a preferência e as tratativas avançaram.

Com esse movimento, a companhia reforça sua presença no fragmentado mercado brasileiro de insumos.

Na Belagrícola, repete o modelo que já adotou em outras transações, como a da Agrícola Alvorada (com 9 filiais em seis municípios do Mato Grosso), a Pantanal Agrícola (com 23 unidades em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) e a Sinova (plataforma que possui mais de 60 lojas e operações em 10 estados).

Em todas elas, a gigante americana adquiriu participações minoritárias, obtendo um assento no conselho de administração, mas sem posições diretas na gestão das empresas.

Na Sinova (que até março do ano passado atendia pela marca Sinagro), a aquisição foi da totalidade do negócio, mas em parceria com a fabricante indiana de insumos UPL e o fundo Global Capital, o que fez com que sua participação ficasse em um terço da empresa.

Também com a UPL, a Bunge controla a Origeo, empresa com foco na venda direta de insumos e serviços para grandes produtores.

Procurada pela reportagem do AgFeed, a Bunge afirmou apenas que “não comenta rumores de mercado”. A Belagrícola, da mesma forma, não fez comentários.