Um ano depois de ter feito sua primeira emissão de debêntures de R$ 500 milhões e um dia após ter alcançado sua máxima histórica na B3 desde que fez seu IPO, em 2021 - com ações cotadas no fechamento a R$ 16,90 -, a gaúcha 3tentos, que comercializa grãos, insumos, farelo de soja e biodiesel, agora volta aos investidores para apresentar os resultados dos títulos formalmente.
Os dados, disponibilizados em um relatório na manhã desta sexta-feira, dia 25 de abril, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) indicam que a empresa da família Dumoncel obteve sucesso na comercialização de seus títulos.
Ao todo, foram emitidas 560.733 debêntures, totalizando um volume de R$ 500 milhões – a 3tentos havia informado que, se houvesse demanda no mercado para uma quantidade extra de títulos, o valor poderia chegar a R$ 625 milhões, o que, na prática, não se concretizou.
No momento, os papéis, que têm vencimento em 5 de abril de 2029, trazem um rendimento aos investidores de 100% do CDI, taxa que fica muito próxima à Selic, mais um prêmio de 2,1% ao ano.
Quando a 3tentos lançou as debêntures, elas tinham rendimento de 100% do CDI e sobretaxa de 2,4%. Mas, como a marcação é a mercado, o valor atual varia diariamente.
Mesmo assim, quem comprou as debêntures no lançamento e as mantiver até o vencimento continuará recebendo a rentabilidade contratada originalmente.
O pagamento das remunerações é feito em parcelas semestrais, e o primeiro foi feito em outubro do ano passado.
Com as debêntures, a 3tentos buscou fazer reforço de caixa e alongamento de seu passivo.
Não é o único movimento feito pela empresa da família Dumoncel, que vem buscando recursos na praça para botar de pé o plano de investimentos de R$ 2 bilhões até 2030, anunciado pela empresa dos Dumoncel em janeiro do ano passado.
Metade desse volume envolve investimentos em uma usina de etanol de milho localizada em Porto Alegre do Norte, no Mato Grosso, que custará R$ 1,16 bilhão e deve entrar em atividade no começo de 2026.
Em novembro do ano passado, meses depois de ter lançado as debêntures no mercado, a companhia anunciou que conseguiu aprovar um financiamento de R$ 500 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o projeto da usina.
Outra frente é um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), que a 3tentos anunciou também em novembro, de R$ 300 milhões, com o objetivo de financiar os produtores rurais na compra de insumos.
A 3tentos também tem outros projetos além da usina de Porto Alegre do Norte, como o processamento de canola em sua usina de biodiesel, situada em Ijuí, no Rio Grande do Sul, previsto para acontecer ao longo deste ano. Com isso, a produção dessa unidade vai passar de 850 mil litros/dia para 1,5 milhão de litros/dia durante 2025.
A canola é uma cultura que não é popular entre os produtores gaúchos e a ideia da 3tentos é, numa ponta, fomentar a produção em áreas ociosas que podem ser utilizadas para esse cultivo e, na outra, trazer mais produtividade à fabricação do biodiesel.
"É um grão que vai nos trazer 43% de óleo na extração dele. Da soja se extrai, na média, 18% a 19%, e a 3tentos consegue 20% a 21%", explicou Luiz Osório Dumoncel, então CEO da companhia, em novembro do ano passado ao AgFeed.
Dumoncel ocupou a liderança da 3tentos até o começo desta semana. Na quarta-feira, dia 23 de abril, a 3tentos anunciou que ele passaria o cargo de CEO e diretor de RI para o irmão João Marcelo Dumoncel, que antes já ocupava o cargo de presidente do conselho de administração.
Luiz Dumoncel assumiu o antigo cargo do irmão, de presidente do conselho, e também a vice-presidência executiva da companhia.