A Cosan segue pagando a promessa dos executivos de ampliar a desalavancagem da companhia após embolsar R$ 9,1 bilhões com a venda das ações da Vale. Nesta quarta-feira, 29 de janeiro, a empresa informou que irá resgatar, antecipadamente, US$ 392 milhões em bonds com vencimento em janeiro de 2027.

Segundo o comunicado, o resgate será feito em 14 de março pelo valor de face dos títulos. Pelo fechamento do dólar comercial de hoje, o valor chegaria a R$ 2,3 bilhões.

Há uma semana, a Cosan informou ter aprovado o programa de resgate antecipado e voluntário de R$ 850 milhões em debêntures emitidas em julho de 2021 a partir de 6 de fevereiro. À época, a companhia emitiu R$ 2 bilhões desses títulos de dívida em três séries.

A primeira série, de R$ 750 milhões, cujo resgate foi anunciado, tem vencimento em 15 de agosto de 2028, com amortização em duas parcelas a partir de agosto de 2027, e são remuneradas pelo DI +1,65%. A remuneração proporcional será paga no resgate antecipado.

A companhia não informou se irá resgatar as duas outras séries, de R$ 1,25 bilhão no total, cujo prazo de pagamento é em agosto de 2031.

As operações anunciadas para redução do endividamento ocorrem em um cenário de alta dos juros, o que pressiona o endividamento da Cosan em moeda nacional, e de queda no dólar, o que alivia o pagamento na conversão para a moeda norte-americana.

Como era esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, e o ciclo de elevação na taxa básica de juros deve levá-la para até 15% ao ano.

Já o dólar, que chegou ao maior valor nominal em 18 de dezembro, de R$ 6,267, tem uma curva descendente desde então e encerrou a R$ 5,869 nesta quarta-feira, com oito dias seguidos de queda.

No balanço mais recente da Cosan, a dívida líquida era de R$ 21,7 bilhões e a bruta de R$ 24,2 bilhões. Com a venda da fatia na Vale, a Cosan reduziria em até 42% esse endividamento.

“A Vale é um ativo extraordinário e confio muito na nova gestão. Entretanto, o patamar atual da taxa de juros nos obriga a reduzir a alavancagem da Cosan”, relatou o empresário Rubens Ometto após a venda das ações na Vale

“Considerando a atual taxa de juros no Brasil, ficou difícil apostar em uma valorização expressiva do mercado acionário”, completou Marcelo Martins, CEO da Cosan.

O mercado, no entanto, parece não ter comprado a estratégia da Cosan. Após atingir R$ 9,30 no dia da venda da fatia na Vale, as ações da companhia seguem testando mínimas históricas e fecharam em R$ 7,48 nesta quarta-feira, baixa de 1,84% no dia.