Uma das maiores redes de revendas de produtos agropecuários do País, a Agro Amazônia foi criada, há 40 anos, por pecuaristas para atender pecuaristas. Nas últimas décadas, no entanto, o avanço da agricultura no entorno de suas unidades fez com que o nome da empresa fosse mais associado à comercialização de insumos agrícolas.

Roberto Motta, CEO da companhia, que hoje é uma subsidiária do grupo japonês Sumitomo Corporation, não quer perder, no entanto, esse elo com as origens. “O negócio de pecuária é até hoje um segmento importante na composição do negócio, mas principalmente vemos como estratégico para o futuro da empresa”, afirma.

Por isso, um dos focos da Agro Amazônia tem sido buscar maneiras de aumentar as vendas para o segmento. E, para isso, entendeu que um dos melhores caminhos é ajudar o pecuarista a qualificar sua produção.

Nas próximas semanas, a empresa deve definir o investimento e os detalhes da terceira safra do programa LucrAA Pecuária, iniciativa concebida e executada em parceria com a SIA Consultoria para levar conhecimento de técnicas básicas de gestão da atividade nas propriedades rurais.

O projeto, nas duas safras anteriores, foi implantado em cinco propriedades nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, mas com um modelo de aprendizado que permitiu atingir outras 250 pessoas, sendo delas 100 pecuaristas.

A multiplicação do conhecimento é feito através de eventos, que permitem que produtores convidados acompanhem a evolução dos trabalhos nas fazendas assistidas diretamente pela consultoria oferecida no projeto.

Essas propriedades recebem visitas mensais das equipes do programa, que fazem um diagnóstico das melhorias possíveis e elaboram um plano de ação para que elas sejam implementadas, dentro das possibilidades de recursos dos produtores.

“Levamos a eles noções de manejo de pasto, divisão de piquetes, instalação de bebedouros e outras coisas que não exigem muito investimento e dão resultado”, explica Bernardo Véras, gerente de pecuária da Agro Amazônia.

“A ideia é realmente mostrar que pecuária é sustentável e pode se tornar viável para o sustento do produtor, sobretudo aquele que tem a pecuária como atividade única”.

Segundo Véras, os resultados nas safras realizadas até agora – uma delas, como piloto – mostraram-se bastante positivos. Ao final dos oito meses de programa, os pecuaristas assistidos decidiram permanecer com a consultoria e todos os participantes passaram a comprar mais insumos junto à Agro Amazônia.

Planos de expansão

“O plano para o próximo ciclo do Lucraa é expandir para mais fazendas, chegando a sete ou oito unidades assistidas pelos profissionais da AA e proporcionando um suporte ainda maior aos profissionais da pecuária”, afirma Motta, o CEO da companhia.

Ele admite que o negócio é naturalmente afetado pelo que chamou de “ciclos da pecuária”. “Em momentos de retração nos preços, nosso papel é seguir apoiando nossos clientes com as melhores soluções, serviços e estratégias que garantam a manutenção de níveis aceitáveis de rentabilidade”, diz.

Da mesma forma, nos segmentos de vendas para a produção agrícola, a empresa sentiu, como outras do setor de distribuição, com as quedas nos preços das commodities e dos insumos, além das quebras nas safras em função de problemas climáticos.

“O impacto financeiro resultante da menor produção cria um ambiente desafiador para os produtores, e estamos atentos a essas dificuldades enfrentadas pelo setor”, afirma.

As projeções feitas pela companhia indicam que a receita na safra 2023/2024 deve ficar em R$ 5,5 bilhões, pouco abaixo dos R$ 5,6 bilhões do ciclo anterior, que havia sido o melhor resultado da história da companhia. A expectativa inicial de atingir R$ 6 bilhões, no entanto, acabou frustrada.

Ainda assim, a empresa não pretende reduzir seus planos de expansão, que preveem a chegada aos estados da Bahia, Piauí e São Paulo e o objetivo de chegar a 90 unidades até o fim de 2025.

Atualmente a rede conta com 65 filiais, distribuídas em Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Pará, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Acre e Minas Gerais. “A previsão é inaugurar 10 novas filiais até o final de 2024, com um investimento estimado entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões”, afirma Motta.

A operação logística também deve ganhar um novo centro de distribuição em Cuiabá, com previsão de inauguração ainda no primeiro semestre de 2024, instalado em uma área de 14 mil metros quadrados.