A abertura do mercado nesta quarta-feira traz uma novidade para o mercado de fundos. Acabou de entrar em negociação o Fiagro do Bradesco em parceria com a agfintech Farmtech, que já nasce com R$ 193 milhões em patrimônio e mais de mil investidores.

O Bradesco, por meio de sua Asset, a Farmtech e o Bradesco BBI entram como estruturadores e gestores do projeto. Além deles, a Oliveira Trust cuida da parte de custódia e de administração.

“Os dois estruturadores se complementam. A Farmtech, num modelo mais de originação do relacionamento com as revendas, e o Bradesco, na parte de análise de crédito, tendo o poder de veto de recebíveis”, explica Alexandre Freitas, CEO da Oliveira Trust.

A Farmtech é um agfintech que nasceu em 2017 dentro de um grupo dedicado ao crédito rural e ao financiamento da cadeia de insumos agrícolas.

O Fiagro é do tipo FIDC, e segundo Freitas, o foco do produto é comprar direitos creditórios do agronegócio como CPRs financeiras, direitos creditórios de compra e venda à prazo de produtos da cadeia do agro.

De acordo com o executivo, o fundo é diferente da maioria negociada no mercado e já nasce adaptado às mudanças propostas pela CVM para a regulamentação definitiva dos Fiagros. A co-gestão é um exemplo disso.

O público-alvo, por exemplo, são os investidores qualificados, ou seja, aqueles com pelo menos R$ 1 milhão investidos. Geralmente, Fiagros do tipo FIDC são destinados aos investidores institucionais. “A ideia era buscar a pulverização, por isso a listagem na B3”, afirma o CEO da Oliveira Trust.

De acordo com Thiago Gusmão, gerente de fundos da Oliveira Trust, a ideia do público-alvo veio para dar mais liquidez ao fundo. “Quando você busca investidores qualificados, é mais fácil o acesso quando o fundo está listado na bolsa”, explicou. Cada cota abriu hoje a negociação cotada a R$ 100.

O portfólio do fundo também é pulverizado, e conta com revendas do agro e produtores rurais que atuam tanto como pessoas físicas ou jurídicas espalhadas pelo Brasil.

A Oliveira Trust atua geralmente como um agente custodiante em fundos do tipo, mas já administra dois Fiagros de gestão da Milenio em parceria com a Terra Magna. Os fundos não são negociados na Bolsa de Valores.

Segundo Freitas, CEO da Oliveira Trust, a estrutura desse fundo se assemelha à que a Farmtech tem com a Syngenta. No modelo da gigante dos insumos, o fundo atende alguns grandes clientes entre revendas, cooperativas e produtores. A diferença é que esse será negociado na B3.

“Esperamos que esse seja o primeiro de muitos do tipo. Já temos outros FIDCs nessa categoria que engloba recebíveis de grandes empresas do setor que buscam, nesse instrumento, uma ferramenta de captação”, disse Freitas.

“Gostamos de lançar o primeiro produto desse tipo voltado pro mercado, mesmo que não chegue a ser para o varejo, é negociado em Bolsa. E os recebíveis desse Fiagro são complexos, envolvem safra, safrinha, prazos diferentes, sementes diferentes”, conclui.