Um ditado popular prega que “quem tem amigos, tem tudo”. No mundo corporativo, essa máxima é resumida pelo termo em inglês “networking”. Em resumo, ter os contatos certos ajuda muito a viabilizar negócios potencialmente lucrativos.

A JC Capital, fundada e comandada pela empresária Jennifer Chen, tem uma ampla rede de contatos, que é utilizada para buscar investidores para empresas que precisam de recursos.

Vinda do mercado da moda, hoje o agronegócio é o ramo mais importante para a empresa de Chen. “Quase 60% dos meus clientes são do agro”, conta.

Neste começo de 2024, uma das missões da empresária envolveu uma viagem à Árabia Saudita, que estava programada desde o final de 2023. “A intenção é intermediar a compra de commodities agrícolas brasileiras pelos árabes. Eles têm muito interesse em grãos, carne, café”, conta Chen.

Outro papel que a JC Capital desempenha é buscar investidores para fundos que compram terras no Brasil. “O valor mínimo que vamos buscar por investidor é de US$ 10 milhões. É um setor que atrai interesse do mundo inteiro, principalmente de lugares que precisam ter acesso a alimentos, como é o caso da Arábia Saudita”.

Chen afirma que 2024 será um ano em que vai realizar várias dessas missões no exterior. “Quero me envolver cada vez mais com o agronegócio. Acredito que cerca de 80% do meu tempo será dedicado ao setor neste ano”.

A JC Capital tem atualmente mais de 100 clientes. Dentro deste universo, Chen classifica como grandes 25 companhias. “Destas, 15 são do agronegócio”, conta.

No entanto, uma particularidade do agro brasileiro exige um trabalho adicional por parte da JC Capital. “Muitos grandes produtores que chegam até nós não têm CNPJ. E não é possível buscar recursos no exterior para uma pessoa física”.

Chen então faz um trabalho para criar uma estrutura profissional na propriedade, inclusive criando uma empresa.

Um dos casos listados pela empresária é a Ruzene, produtora de arrozes especiais do interior de São Paulo. “Estamos há três anos trabalhando com o Chico (José Francisco) Ruzene. Ele precisava de R$ 5 milhões para comprar tratores e trouxemos um banco alemão, que aluga os equipamentos para a Ruzene”, conta.

Francisco Ruzene foi o primeiro brasileiro a conseguir produzir o miniarroz, considerado o menor grão do mundo.

A empresária conta que está envolvida em outro grande projeto, desta vez com um produtor de soja do Mato Grosso, que totaliza R$ 132 milhões em investimentos. Sobre essa parceria, ela prefere não entrar em detalhes.

Governo de São Paulo

No final de 2023, Jennifer Chen foi recebida pelo secretário de Agricultura do estado de São Paulo, Guilherme Piai. A conversa envolveu formas de viabilizar investimentos em tecnologias voltadas para o agronegócio.

“Estamos criando um corredor tecnológico com a Embrapa e a Embraer, já que metade das agtechs brasileiras está em São Paulo. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) tem 500 pesquisadores disponíveis. O projeto vai se retroalimentar, reinvestindo em pesquisa por meio de royalties”, falou o secretário depois da reunião.

A intenção da JC Capital é viabilizar a montagem de Fiagros e FIDCs para financiar as iniciativas no estado. A empresária não atualizou as informações sobre essa iniciativa até o fechamento da reportagem.

O primeiro contato com Piai, segundo Chen, se deu em um evento no começo de novembro do ano passado. “Temos bom relacionamento com bancos estrangeiros importantes, como UBS e JPMorgan. Então surgiu o interesse de tentar trazer recursos para o projeto”.

A empresária revela a convicção de que 2024 “será o melhor ano” da história da JC Capital. E ela continua apostando no boca a boca. “Eu não conhecia ninguém do agro, não tenho família de produtores. Começou com um conhecido, e de repente outros me procuraram. Nós continuamos atuando da mesma forma”, afirma Chen.