A Nespresso tem pressa. À medida em que se aproximam as metas de seu processo de neutralização de emissões de carbono na produção dos cafés que comercializa em todo o mundo, a subsidiária da gigante suíça Nestlé acelera ainda mais.
No ano passado, a empresa atingiu um de seus objetivos mais ambiciosos: alcançar a neutralidade na pegada global de carbono, com certificação pela Carbon Trust. A operação engloba desde as fazendas até o pós-vida das cápsulas.
“Somos um dos principais produtores de cafés do mundo e precisamos assumir a responsabilidade de uma cadeia produtiva cada vez mais sustentável em todas as etapas”, disse o líder do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável no Brasil e Havaí, Guilherme Amado, em entrevista ao AgFeed.
Mas ainda havia o que melhorar. Essa meta foi atingida por meio do programa de insetting (com redução de emissões em sua proópria cadeia) e também com a compra de créditos no mercado para compensar os volumes excedentes (offseting), incluindo um projeto no Brasil.
Por isso, a Nespresso decidiu que, daqui para frente, não haverá mais compra de créditos de carbono. A empresa vai investir mais para alcançar, dentro de casa, a redução necessária.
E fazer isso em menor tempo. Com a nova estratégia, o prazo para tornar a marca Net Zero, que antes era até 2050, passou para 2035.
A Nespresso percorre os caminhos da sustentabilidade há cerca de 20 anos. Nesse período, o programa liderado por Amado passou de 300 agricultores, na Costa Rica, para mais de 140 mil em 18 países atualmente.
No Brasil são 1.300 fazendas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Hoje, 100% do café adquirido pela empresa no País é certificado pelo programa. No Mundo, 92,5% do produto é obtido por meio da iniciativa.
O projeto oferece assistência técnica aos cafeicultores como incentivo à produção de cafés sustentáveis. A iniciativa conta com o know-how em sustentabilidade de parceiros como a Rainforest Alliance e o Imaflora.
Eles atuam na implantação de ferramentas com foco na proteção do futuro do café e das fazendas que o cultivam, sobretudo a adoção de boas práticas nas propriedades por meio de três pilares: Qualidade, Sustentabilidade e Produtividade.
Os resultados obtidos permitiram à Nespresso obter a certificação internacional de Empresa B, concedida a companhias cujo modelo de negócios visa, além do retorno aos acionistas, trazer benefícios para a sociedade e meio ambiente.
“A certificação comprova o esforço que já realizamos e reforça o compromisso que firmamos com o futuro, queremos mais do que maximizar os lucros, buscamos firmar um propósito”, afirma Amado. Cerca de 4.500 empresas em todo o mundo possuem essa distinção.
A vez da agricultura regenerativa
Um dos principais objetivos da Nespresso agora é se tornar líder no modelo de cafeicultura regenerativa. Baseado em práticas voltadas à natureza, biodiversidade, proteção da água, sequestro e armazenamento de carbono, o sistema é a principal aposta da marca para alcançar suas novas e ambiciosas metas.
“Até 2030, planejamos reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) em 50% em relação à linha de base de 2018 por meio de agricultura regenerativa, inovando em produtos, sistemas e eficiência energética. No mesmo ano, pretendemos atingir zero emissões líquidas na produção de café verde AAA”, destacou Amado.
Está entre as metas também, até 2025, chegar a 80% do volume de café verde oriundo de fazendas classificadas como bronze no Rainforest Alliance Regenerative Coffee Scorecard. E até 2030, 95% do volume de café verde será classificado como bronze na mesma escala classificatória, dos quais 70% serão considerados como ouro.
“Todas essas metas, e muitas outras, irão corroborar para ter 95% de nossas fontes de café regenerativo em parceria com Rainforest Aliance até 2030”, disse ele.
Segundo Amado, mais de US$ 10 milhões já foram distribuídos em premiações dentro do Programa AAA.
A Nespresso pretende desenvolver projetos dedicados em colaboração com parceiros, além da criação novas linhas de investimento para as fazendas, especialmente focadas em renovação de cafezais e arborização.
“Por fim, também contaremos com os crescentes mercados de carbono e de pagamentos de serviços ambientais que têm total afinidade com estes projetos”, conclui.