A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou mais uma vez para baixo suas previsões para a produção nacional de grãos na atual safra. Nos números divulgados nesta quinta-feira, 8 de fevereiro, a estatal estimou, pela primeira vez na temporada, uma colheita de soja abaixo de 150 milhões de toneladas.
Os dados do 5º Levantamento da Safra de Grãos apontam um volume total, somando as demais culturas, de 299,8 milhões de toneladas para a safra 2023/2024. Trata-se de uma redução de 6,3% (ou 20,1 milhões de toneladas) inferior ao resultado obtido na safra passada.
Na primeira estimativa do ciclo atual, bastante criticada por entidades ligadas a produtores, a Conab havia feito projeção superior a 317 milhões de toneladas.
Para a soja, especificamente, o número inicial era de 162 milhões de toneladas, depois revisto para 152 milhões. Agora, está em 149,4 milhões.
Associações como a Aprosoja têm discordado abertamente dos números da estatal, alegando que os métodos de coleta de dados da Conab estão defasados e não refletem o real estado das lavouras, afetadas por problemas climáticos.
A própria Aprosoja divulgou, em 11 de janeiro passado, um levantamento, feito a partir das informações de 15 regionais da entidade, em que projetava uma safra de 135 milhões de toneladas.
O mesmo estresse climático utilizado pela Aprosoja para explicar as quebras nas lavouras foi agora usado pela Conab para justificar a redução em suas estimativas.
Segundo a Conab, se a colheita de soja ficar nas 149,4 milhões de toneladas, representaria uma queda de 3,4% se comparado com o volume obtido no ciclo 2022/2023 e de 7,8% sobre a expectativa inicial para este ano.
“O atraso do início das chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba, seguido por chuvas irregulares e mal distribuídas, com registros de períodos de veranicos superiores a 20 dias, além das altas temperaturas, estão refletindo negativamente no desempenho das lavouras”, afirmou a Conab em nota.
Para o milho, a previsão é de um volume de 113,7 milhões de toneladas, 18,2 milhões abaixo do esperado. Segundo a Conab, o cultivo de primeira safra, que representa 20,8% da produção total, enfrentou situações adversas como chuvas em excesso no Sul e de menos no Centro-Oeste, entre outros fatores.