Todos querem saber o que acontecerá com a região do Oriente Médio e com o mundo após as atrocidades cometidas pelo grupo terrorista palestino Hamas no último 7 de outubro. Embora ninguém tenha bola de cristal, há muito que se pode garantir que vai acontecer.

O conflito será longo. Vai além da eventual ocupação da faixa de Gaza. Israel tem na sua trajetória histórica o acerto de contas com os bárbaros. Mapearam, localizaram, perseguiram, em alguns casos julgaram e depois condenaram e executaram aqueles nazistas fugitivos que participaram dos campos de extermínio da Segunda Guerra Mundial.

Destaque para a captura de Adolf Eichmann em 1961, na Argentina, e sua execução em 1962, em Ramla, Israel. Da mesma forma, dois dos três sequestradores e assassinos palestinos da equipe olímpica israelense de 1972 em Munique não viveram para contar sua história. Um terceiro sobreviveu a atentado a bomba e faleceu em 1981.

A história do reconhecimento entre as duas nações e outras nações do mundo árabe é complexa, violenta e frustrada por quatro guerras e dezenas de operações militares desde a autorização de independência de Israel em 1948 pelas Nações Unidas.

Esperanças de negociação e avanço cresceram no final do século XX, mas foram novamente frustradas com a ascensão do Hamas em Gaza em 2006.

Não existe negociação possível com o fanatismo. A única arma conta o fanatismo é a violência. Foi assim na luta contra o fanatismo nazista e contra o nacionalismo fanático japonês na Segunda Guerra Mundial, foi assim contra o fanatismo Wahabita de Bin Laden na Al Qaeda após o ataque as Torre gêmeas em 11/9/2001. Será assim contra o fanatismo do Hamas e seus simpatizantes.

Sabemos que não há sociedade perfeita, não existe país sem problemas, não existe governo que não tenha cometido erros. Israel não é diferente. Pode-se identificar erros e pode-se criticar muitos momentos de ação israelense que poderiam ter sido diferentes nos últimos 75 anos.

Mas se trata de uma democracia liberal, com Estado de direito, instituições fortes, multiétnica, plural e pujante. Mais de 1,5 milhão de árabes muçulmanos vivem, trabalham e desfrutam da vida em Israel.

Mais de 1.500 anos antes de o Islamismo surgir o Reino de Israel e Judá estava estabelecido na região onde está Israel e lá estavam seus vizinhos Filisteus, com quem conviviam, além de fenícios, hititas e amoritas. Assírios, babilônicos, egípcios, persas, gregos, romanos, bizantinos, cruzados, mongóis, mamelucos, otomanos e britânicos estiveram ali e tiveram que conviver e lidar com os judeus.

Com essa jornada histórica, o que se pode garantir é que as atrocidades do Hamas não ficarão em vão. Vai levar tempo, mas não deverá sobrar nenhum daqueles que degolaram crianças para contar a estória.

A maioria da população palestina certamente não compartilha da ação dos fanáticos do Hamas. Infelizmente, vai pagar caro e com sangue de gente inocente.

A ocupação de Gaza implica necessariamente em morte e sangue. 2,5 milhões de pessoas em um espaço de 45 km2 é palco para batalha de guerrilha, ocupação de bairros com destruição total. Uma Stalingrado às margens do Mediterrâneo.

As consequências para a instabilidade política da região já são visíveis. Aumenta a tensão, mobilizam-se as sociedades para a guerra, terroristas como Hamas e Hezbollah entram em ação, atores importantes do Oriente Médio como Turquia, Irã e Arabia Saudita entram em estado de alerta.

O Mundo ocidental, chocado com cenas de barbárie, se alinha para a defesa da civilização. Os preços do petróleo aumentam. Os câmbios ficam instáveis. O custo da energia aumenta e a produção de alimentos pode sofrer consequências indiretas na obtenção de insumos.

O Brasil, apesar da esquizofrenia do partido político de seu governo de plantão, deveria seguir uma agenda firme de Estado pela paz, cooperação e explicito discurso pro-liberdade, contra o fanatismo e a violência, além de colocar médicos, remédios, alimentos e ajuda humanitária para quem necessitar.

É o desejo dos homens e mulheres comuns do Brasil e do mundo que se perguntam quando os seres humanos conseguirão voltar a ser simplesmente humanos.

Christian Lohbauer é cientista político e já foi diretor-executivo de diversas entidades representativas do agro como no setor de exportação de frango (Abef), suco de laranja (CitrusBR) e CropLife Brasil