Qual será o papel dos biocombustíveis para o cumprimento de metas de descarbonização? De que forma deverão contribuir para a transição da matriz energética no Brasil e no mundo? Que inovações têm sido aplicadas no setor?

Nos últimos meses, especialistas da área de Agronegócio do banco Itaú BBA têm se debruçado sobre essas e outras perguntas fundamentais nesta nova era sustentável. E buscado ouvir atores desse mercado para compreender ainda melhor as oportunidades que ele oferece.

A conversa tem sido ampliada e gerado uma série de conteúdos disponibilizados a clientes, investidores e, em alguns casos, ao público em geral. Relatórios, podcasts e eventos sobre o segmento, um dos mais promissores do agronegócio global, têm sido produzidos pelo banco.

Uma dessas iniciativas acontece nesta terça-feira, 12 de dezembro, no Cubo Itaú, em São Paulo, com a realização de um evento voltado para debater o mercado de biocombustíveis.

O encontro será dividido em dois painéis. No primeiro deles, Pedro Simionato e Annelise Izumi, analistas da Consultoria Agro do Itaú BBA, apresentarão os detalhes do estudo “Biocombustíveis: Aspectos Básicos e a Indústria Norte-Americana”, publicado em julho deste ano na forma de paper.

O segundo painel, chamado “Inovações no Mercado de Biocombustíveis”, contará com a participação de Gustavo Teixeira, gerente de engenharia de produto na FPT Industrial, e Patrícia Verardi Abdelnur, chefe de transferência de tecnologia na Embrapa Agronenergia, e será moderado por Annelise Izumi.

Os temas debatidos no evento do Cubo Itaú não poderiam ser mais oportunos. “Os biocombustíveis são uma das alternativas mais viáveis aos combustíveis fósseis”, afirma Pedro Simionato. “Por isso, há muito espaço para essa indústria crescer”, acrescenta Annelise Izumi.

De fato, os biocombustíveis ganham tração à medida que a economia verde avança no mundo. Nesse sentido, o paper produzido pelo Itaú BBA representa uma ferramenta essencial para identificar desafios e oportunidades do setor.

Segundo dados da Agência Internacional e Energia (IEA, na sigla em inglês), a produção mundial de biocombustíveis passou de 105,9 bilhões de litros em 2010 para 171,1 bilhões em 2022, um salto de quase 70% em pouco mais de uma década.

Para os especialistas do Itaú BBA, o setor continuará acelerando por muito tempo. Há uma razão principal para isso: os biocombustíveis estão se tornando uma indústria obrigatória em um cenário de compromissos assumidos pelos países em direção à economia de baixo carbono.

O Acordo de Paris estabeleceu o objetivo de limitar o aumento da temperatura média global a no máximo 1,5 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais. A meta só será alcançada se a transição energética, de fato, ocorrer – e ela depende em boa medida dos biocombustíveis.

Há inúmeras iniciativas em andamento. Em setembro, um dos resultados práticos da Cúpula do G20 foi a assinatura de um acordo de intenções entre Brasil, Índia e Estados Unidos para a criação da “Aliança Global de Biocombustíveis”.

Em linhas gerais, a iniciativa consiste em estimular a produção de combustíveis menos poluentes, com destaque para o etanol – segmento em que o Brasil desfruta de grande expertise.

“Nós acreditamos que o Brasil poderá ser beneficiado com a evolução das agendas globais de biocombustíveis, principalmente como exportador de matéria-prima”, afirma Pedro Simionato.

A opinião de Simionato é compartilhada por outros especialistas. “O Brasil é extremamente qualificado nesse campo”, disse Beatriz Pupo, analista sênior de biocombustíveis da S&P Global Commodity Insights, em entrevista concedida para o podcast Prosa Agro.

Criado pelo Itaú BBA para debater temas afeitos ao agronegócio, o podcast Prosa Agro abordou a temática dos biocombustíveis na edição publicada nesta semana – e é mais uma demonstração do foco que o banco passou a dar para essa temática.

No podcast, Beatriz falou sobre os países que se destacam na produção e comercialização de biocombustíveis, o papel do Brasil nesse mercado e as questões regulatórias que envolvem o setor.

A especialista traçou um panorama sobre o combustível sustentável de aviação, conhecido pela sigla em inglês SAF. Os números mostram um cenário de grandes oportunidades.

A S&P Global Commodity Insights prevê que o consumo de SAF aumentará de 20 mil barris por dia em 2023, o equivalente a 0,4% no consumo total de combustível de aviação, para mais de 2 milhões de barris diários até 2050, o que significaria 24% da demanda mundial.

Estamos diante, portanto, de uma revolução que certamente provocará grandes mudanças no agronegócio do Brasil e do mundo.

Para os analistas do Itaú BBA, a demanda por produtos agrícolas, notadamente grãos, tende a ser beneficiada no longo prazo. O paper sobre o mercado de biocombustíveis nos Estados Unidos traz dados relevantes a esse respeito.

Considerando que apenas 30% da produção esperada de SAF nos Estados Unidos em 2050 seja a partir de etanol de milho, a necessidade adicional do cereal seria de colossais 150 milhões de toneladas.

Efeito semelhante tende a ser sentido no mercado de soja, diante do esperado aumento da demanda por óleo, na esteira do incremento projetado da produção de biodiesel e diesel renovável.

Trata-se de uma mudança significativa, que certamente estará no foco do evento promovido pelo Itaú BBA, e que foi explorada com profundidade no novo episódio do podcast Prosa Agro.