Neste início da jornada da 23ª Mostra de Comunicação do Agro ABMRA, estamos convictos que esta será mais do que uma vitrine de cases: será um tributo coletivo àquela força singular que move o Agro brasileiro — o produtor rural.

Ele permanece no centro deste ecossistema vencedor, protagonista das histórias, emoções e das inovações que inspiram campanhas memoráveis.

Se em edições passadas vimos nascer narrativas que romperam moldes, nesta nova edição esperamos ir além: testemunhar como a criatividade segue imbatível, mesmo com o incrível avanço das ferramentas de Inteligência Artificial (IA), que acelera processos, automatiza rotinas, gera imagens, roteiros e mockups — mas não substitui aquilo que é humano: empatia, cultura, experiência, sensibilidade.

O Agro brasileiro continua a demonstrar pujança e influência. O setor vive um momento de forte crescimento, mas enfrenta seus desafios, o que reforça o mérito do produtor que convive com ciclos naturais do campo — bons e maus momentos, preços em alta e em baixa, secas ou chuvas fora de época, pragas e doenças que insistem em desafiar o planejamento.

A quebra de safra ou a oscilação de mercado não anulam o progresso, pelo contrário: demonstram resiliência, a capacidade de adaptação, de inovar sob pressão, de reinventar quando necessário.

Essas variáveis climáticas, fitossanitárias, de mercado, são parte integrante do “negócio Agro”: uma grande fábrica a céu aberto. É exatamente nessa fábrica — onde tudo pode mudar — que a criatividade das marcas se revela mais necessária, mais potente.

IA, criatividade e o produtor como centro

Com o avanço das ferramentas de inteligência artificial e automação, muitos aspectos da criação e produção publicitária foram transformados, abrangendo a geração de visuais, roteiros, edição e personalização em massa.

Contudo, a IA é apenas uma ferramenta, não um substituto.

O diferencial permanece humano: o produtor, sua experiência, seus valores, os sons do campo, os rostos da família rural e a cultura regional — todos são elementos que não podem ser automatizados.

As campanhas mais fortes serão aquelas que colocarem o produtor no epicentro da narrativa, tratando-o não como um receptor da comunicação, mas como um protagonista cujo contexto, desafio, oportunidade e voz orientam a mensagem.

O que esperamos ver na 23ª Mostra ABMRA

A Mostra ABMRA é uma oportunidade para demonstrar o poder da criatividade e para celebrar a realidade multifacetada do setor. A expectativa para esta edição é que as campanhas contem com histórias reais que mostrem os ciclos, casos que não só celebrem o sucesso, mas também mostrem superações, pragas vencidas, adversidades climáticas, períodos de incerteza de preço, etc. momentos que humanizem o campo, mostrem vulnerabilidade, mas sobretudo a força de persistir.

Também é esperada a integração de inovação e alma. O uso de IA, de automação de produção de conteúdo, segmentação digital, tecnologias de gestão, rastreabilidade, responsabilidade ambiental, tudo isso aliado à narrativa sensível ao produtor. Que as campanhas sejam belas, mas também verdadeiras.

Esperamos ouvir a voz ativa do produtor, com suas dores, suas conquistas e sua visão. Que as marcas deixem de falar sobre o empreendedor do campo e passem a falar com ele, por meio dele, incorporando suas histórias.

Certamente veremos a riqueza da diversidade de perfis e culturas. A representação do produtor familiar, médio, agricultor de regiões diferentes, confinamento, lavoura ou pecuária. Que se vejam sotaques, modos de vida distintos, realidades distintas, mas a mesma paixão e resiliência.

Por fim, a sensibilidade aos ciclos de mercado e natureza é fundamental. Reconhecer que há temporadas menos favoráveis, que pragas ou secas acontecerão, que preços oscilam; mais que isso tudo faz parte do pano de fundo artístico e estratégico, e que torna os cases verdadeiramente inspiradores quando conseguem emocionar e engajar apesar das adversidades.

Homenagear o produtor, celebrar a criatividade

A 23ª Mostra de Comunicação do Agro ABMRA surge num momento em que o Agro brasileiro mostra força, escala, protagonismo no comércio internacional, crescimento robusto em várias culturas, mas também vive ciclos — de preços, de clima, de doenças — que testam sua fibra todos os dias.

Nesse contexto, homenagear o produtor rural é reconhecer quem sustenta esse grande motor. Ele é o eixo de tudo: sem sua coragem, sua persistência, sua adaptabilidade, nenhuma tecnologia, nenhuma IA, nenhuma produção excessiva de conteúdo faria o setor vibrar com autenticidade.

Então, neste festival de criatividade, espero que cada história, cada case, traga o produtor no epicentro — não como cenário, mas como protagonista. Porque é dele que vem a inspiração; é com ele que se constrói a narrativa que emociona; é para ele que se conta a poesia do Agro.

E a criatividade — essa força imbatível — segue de pé, flamejante, pronta para ultrapassar as fronteiras do previsível.

Alberto Meneghetti é diretor da ABMRA e coordenador-geral da 23ª Mostra ABMRA.