Mais uma temporada de balanços se aproxima, desta vez com os resultados do quarto trimestre de 2024.

O ano que recém terminou foi marcado pela valorização das ações dos grandes frigoríficos na B3 e pelos bons resultados apresentados pelas companhias no período.

O setor foi beneficiado tanto pela continuidade do ciclo positivo do frango, quanto pela queda nas cotações do boi gordo durante boa parte do ano, favorecendo as margens dos frigoríficos – ainda que a arroba tenha aumentado significativamente nos últimos meses do ano, superando a marca dos R$ 300.

Nesse contexto, em relatório distribuído a clientes e obtido pelo AgFeed, o Santander reiterou as classificações de "outperform", o equivalente a recomendação de compra, para JBS e BRF e manteve a Marfrig e Minerva sob recomendação neutra.

Os papéis da JBS tendem a se valorizar em 54%, com preço-alvo de R$ 53 definido pelos analistas do Santander. Na tarde desta sexta-feira, dia 17 de janeiro, as ações estavam sendo negociadas a R$ 34,41, com alta de 2,53%.

Já em relação aos papéis da BRF, cotados a R$ 23,15. a tendência é de uma valorização de 46,8%, com preço-alvo de R$ 34.

Ainda que mantenha a classificação neutra para Marfrig e Minerva, o banco também espera crescimento no valor das ações dos dois frigoríficos.

No caso da Marfrig, cotada a R$ 15,51, o preço-alvo é de R$ 19, com possibilidade de valorização de 22,5%, e no da Minerva, negociada a R$ 5,05, de R$ 7, com possível aumento de 38,61%.

De todos os papéis, a ação preferida pelo Santander é a da JBS.

O banco espera resultados positivos para a companhia da família Batista no quatro trimestre de 2024, com receita líquida de R$ 119,4 bilhões, ante R$ 96,3 bilhões registrado no mesmo período de 2023, e um ebitda de R$ 10,3 bilhões, 10% acima do consenso do mercado, ante R$ 5,1 bilhões.

A margem ebtida, por sua vez, avançará de 5,3% para 8,6%, na projeção do banco, uma expansão de 101%.

"Esperamos um bom conjunto de resultados do quarto trimestre de 2024 para a JBS, pois acreditamos que o consenso não está capturando totalmente o benefício da depreciação do Real", afirmam os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata, que assinam o relatório.

A análise leva em consideração também uma visão mais otimista em relação à Seara, unidade de negócios de aves da companhia da família Batista.

"Acreditamos que os fortes preços de exportação, a sazonalidade positiva durante as festas de final de ano, a melhoria nos preços de alimentos processados e a diluição de custos devido ao aumento de novas instalações devem sustentar margens relativamente derivadas no comparativo trimestral para essa unidade de negócios", escrevem os analistas.

Dessa forma, segundo o relatório, os resultados da Seara devem compensar estimativas "mais conservadoras" do banco para a Pilgrim's Pride, subsidiária avícola da JBS nos Estados Unidos.

O Santander também espera um "forte conjunto de resultados" para a BRF no quarto trimestre de 2024, com crescimento de 15% na receita líquida, passando de R$ 14,4 bilhões no fim de 2023 para R$ 16,6 bilhões no mesmo período de 2024, e uma alta de 67% no ebtida ajustado, com expansão de R$ 2,058 bilhões para R$ 3,430 bilhões, em linha com o consenso de mercado.

A instituição avalia que o "forte ciclo" de aves ainda não terminou e lista quatro motivos: oferta limitada; preços elevados da carne bovina, que provavelmente levarão os consumidores a optar por proteínas mais acessíveis; alta demanda internacional por aves; e ganhos de eficiência operacional.

"Embora existam riscos de alta nos preços do milho devido à produção abaixo do esperado na Argentina, consideramos que isso já está precificado nas ações", afirma o Santander.

Sem o amparo dos negócios de aves, a Marfrig e a Minerva devem enfrentar um quatro trimestre mais desafiador, de acordo com o banco.

"O aumento nos preços do gado no Brasil e a demora na transferência de preços deverão levar a uma compressão sequencial de margens", afirmam os analistas.

O Santander projeta uma receita líquida de R$ 41,353 bilhões para a Marfrig no quatro trimestre, ante R$ 36,5 bilhões no mesmo período de 2023, e um ebtida ajustado de R$ 4,3 bilhões, após R$ 2,9 bilhões no quarto trimestre de 2023.

Os números consideram a operação da BRF. No fim de dezembro de 2023, o frigorífico de Marcos Molina passou a deter 50,06% do capital da empresa de aves.

Apesar da desaceleração do ciclo da pecuária nos Estados Unidos, o Santander projeta que a National Beef, controlada pela Marfrig, continue superando seus concorrentes na indústria, "impulsionada pela recuperação dos prêmios de carne bovina de alta qualidade durante o quarto trimestre."

O banco projeta receita líquida de US$ 3,2 milhões para a National Beef, ante US$ 3,053 no mesmo período de 2023, e um ebtida de US$ 73 milhões, após US$ 79 milhões, retração de 8%, com margem ebtida de 2,3%, ante 2,6%.

Na Marfrig, a margem deve subir de 8,0% no quarto trimestre de 2023 para 10,5% no mesmo período de 2024, nas projeções do Santander.

Para a Minerva, o Santander espera um aumento da receita líquida, passando de R$ 6,166 bilhões registrada no quarto trimestre de 2023 para R$ 10,834 bilhões no mesmo período de 2024, e um ebtida ajustado de R$ 753 bilhões no quatro trimestre de 2024, ante R$ 606 bilhões no mesmo período de 2024.

A margem ebtida, por sua vez, deve decrescer de 9,8% em 2023 para 7,0% em 2024.

O Santander afirma que prefere a Marfrig em relação à Minerva, "devido à sua maior exposição a alimentos processados, modelo integrado nos EUA e menores riscos de execução nas reestruturações dos ativos adquiridos recentemente pela Minerva."

Em 2023, o frigorífico da família Vilela de Queiroz anunciou a aquisição de 16 plantas da Marfrig, sendo 11 plantas no Brasil, três no Uruguai, uma na Argentina e uma no Chile.

O último cheque, de R$ 5,7 bilhões, foi entregue à companhia de Marcos Molina em outubro, completando um desembolso total de R$ 7,2 bilhões.

A Minerva teve problemas em relação à incorporação das plantas localizadas no Uruguai, que também faziam parte do negócio, operação que foi barrada pelas autoridades uruguaias por sucessivas vezes, a última delas em dezembro do ano passado.