Há duas semanas a logfintech Strada comemorou dois anos de vida. Apesar do pouco tempo, o quadro societário (que conta com potências como Amaggi, ADM, Cargill e LDC) e os números entregues já a colocam em uma prateleira de gente grande.
A companhia deve encerrar 2024 com R$ 10 bilhões em cargas transacionadas em sua plataforma, algo em torno de 70 milhões de toneladas de produtos agrícolas e 1,6 milhão de viagens de caminhões ao longo do ano (cerca de 5 mil caminhões por dia).
E sem tirar o pé do acelerador. Em 2025, segundo afirma o CEO da startup, Rodrigo Koelle, a perspectiva é atingir R$ 14 bilhões em cargas, um aumento de 40% nas transações.
A perspectiva positiva está baseada em três elementos: uma safra maior, que aumenta o mercado, um valor de frete mais atrativo e uma projeção de aumentar o marketshare, que hoje está próximo dos 25%, no mercado de embarcadores.
“A Conab fala em uma safra de soja 12% maior. Temos uma leitura que o frete vai ficar mais caro por tonelada transportada frente a 2024, quando ficou em R$ 6 mil, e, por fim, nossos novos serviços devem gerar valor e aumentar nossa participação”, conta ao AgFeed.
A companhia prepara uma série de lançamentos de novos produtos tecnológicos para ajudar nesse caminho de conquistar mais mercado. Dos clientes que a Strada atende, o foco estará no “dono da carga”, que pode ser uma trading, um cerealista, um armazém geral e o produtor rural, segundo Koelle.
Em suas palavras, a Strada será a única empresa do Brasil que irá monitorar todo caminhão que trafegar pelo sistema.“Isso dá uma garantia de segurança, tanto do motorista quanto da transportadora e do embarcador”, diz.
Para contemplar os caminhões que não possuem GPS acoplado, a Strada irá monitorar o trajeto através do sinal do próprio celular do motorista.
“Nossa conexão é com quem dirige o caminhão. A minha preocupação nesse momento é dar condição para que aquela pessoa que dirige o veículo. É ela quem transporta de um ponto para o outro”.
Para levar essa solução de tracking, todo motorista que aceitar o transporte de uma carga compartilhará sua localização. A ideia, segundo Koelle, é dar mais visibilidade ao transporte para o dono da carga, que terá mais assertividade na hora de receber o produto.
Com a nova funcionalidade, Koelle quer posicionar a Strada como uma solução de conveniência, no estilo de e-commerces online que informam aos compradores um prazo de entrega mais assertivo.
“Isso é algo determinante na hora da compra de um produto, e no agro isso não é diferente. O dono da carga pode, por exemplo, verificar se o tempo de carregamento está eficiente e comparar performance entre fretes, para otimizar a operação”, acrescenta o CEO.
A partir de janeiro, a Strada também disponibilizará um serviço de “Bid de carga”. Como um leilão, o dono da carga conseguirá cotar fretes e ver preços diversos, para escolher o melhor contrato. De acordo com Koelle, isso também dá mais controle ao dono.
Somado a isso, a startup ainda continua com ferramentas de identificação para motoristas, garantindo que a carga chegue no ponto de carregamento com o motorista correto.
Esse tipo de novo produto teve seu desenvolvimento possível justamente pelos números robustos que a empresa acumulou em dois anos de vida. “Aumentamos nossa volumetria, e dados de 1,6 milhão de caminhões nos dá possibilidade de aprender e escalar os acertos. Isso tudo permitiu desenvolver novos produtos e entender o cliente”, afirmou.
Além das novas tecnologias, a Strada recentemente também passou a atuar na logística de fertilizantes, químicos e além de etanol de milho e biodiesel.
Para os transportadores, a novidade é que a Strada irá atuar com Gestão de Risco (GR). No segmento de transporte, o GR é uma exigência de seguradoras para assinar contratos, e concentra uma série de informações sobre a carga, motorista e trajeto.
A Strada foi credenciada recentemente para ser esse gerenciador de risco. “Trazemos mais agilidade e fluidez ao mercado”.
Para os motoristas, a startup entra com dois novos produtos em 2025. O primeiro, feito com parceiros do segmento financeiro, é uma antecipação de crédito com base no recebível. O segundo é um seguro de acidente pessoal. “Se acontecer algum acidente quando o caminhão está carregado, ele estará assegurado”.
Apesar de oficialmente ter dois anos de vida, a origem da Strada é mais antiga.
A história começa pela Carguero, plataforma de soluções logísticas criada em 2019 pelas tradings Amaggi e Louis Dreyfus, com investimento de R$ 50 milhões, que depois também passou a ter como sócias a ADM e a Cargill. A Strada só nasceu em 2022, após uma fusão - e um longo processo de avaliação dos órgãos antitruste - entre a Carguero e a Tip Bank (ou Dalablog), empresa de pagamentos para fretes rodoviários.