Piracicaba (SP) - A liderança da Raízen quando o assunto é etanol de segunda geração (E2G) é inegável e vem sendo a grande aposta da empresa.
Considerando as 20 plantas que estão no pipeline da Raízen para a produção do biocombustível, a capacidade deve beirar os 1,6 bilhão de litros por ano.
Mas o CEO, Ricardo Mussa, ainda quer mais. Nesta quinta-feira, 3 de outubro, a companhia anunciou, em conjunto com a Shell, sua acionista, e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), um investimento de R$ 120 milhões para construir um Centro de Bioenergia em Piracicaba, interior de São Paulo.
A instalação ficará junto ao Parque Tecnológico local e tem a missão de “desenvolver soluções de descarbonização a partir da cana-de-açúcar”. Na prática, segundo Mussa, a unidade servirá para fazer testes e acelerar o processo de desenvolvimento do E2G.
“Ter um centro de inovação é fundamental, e esperamos continuar na liderança. Se hoje a gente está 10 anos na frente dos demais, ficaremos 20 anos na frente do mercado”, afirmou ao AgFeed o CEO da Raízen.
Ele exemplificou que, hoje, uma tonelada de bagaço da cana rende 280 litros de E2G e que o centro de pesquisa pode ajudar a melhorar essa conta. A inauguração do centro está prevista para 2026, e contará com 2,5 mil metros quadrados de área, com laboratórios e plantas-piloto projetadas para mimetizar operações industriais.
Mussa afirma que é difícil fazer testes em uma planta operacional, pois demandaria uma paralisação de operação. Com a planta piloto, os testes se tornam possíveis. “Hoje a gente não tem ainda um lugar para fazer desenvolvimento acelerado do E2G. O etanol de segunda geração ainda está no começo do processo, é uma tecnologia recente”.
Na equação do Centro de Bioenergia, a Raízen entra com a tecnologia e gestão do prédio, o Senai com o material humano (cientistas e pesquisadores) e a Shell com um grande aporte financeiro: um investimento de R$ 72 milhões (mais da metade dos R$ 120 milhões totais).
“Vamos pegar tudo que dá certo aqui e levar para as nossas plantas, atuais e futuras. É mais que uma tecnologia verde, é uma tecnologia verde e amarela”, afirmou o CEO.
Mussa acredita que esse movimento pode ajudar a Raízen a exportar a tecnologia de produção do E2G, algo que ele revelou que já está em discussão dentro da companhia. “Espero que um dia sejam anunciadas plantas com tecnologia da Raízen por um indiano, australiano, americano…”.
Segundo ele, um investimento como esse também dá confiança para os clientes na ponta da cadeia.
A expectativa é que a unidade traga uma redução de custos para a companhia. O CEO estima que a quantidade de biomassa hoje da Raízen permite a construção das 20 plantas do pipeline.
Com uma melhora da eficiência do bagaço, a Raízen pode ou construir mais plantas ou acelerar o tempo de construção, já que a rentabilidade será maior, acredita Ricardo Mussa.
Outro aspecto é o da redução de emissões, que é um dos grandes objetivos do centro. “Se reduzir as emissões, o cliente na ponta final pode pagar mais por isso”, afirma.