A liderança na exportação de produtos refrigerados no Nordeste não satisfaz mais a ambição da Ftrade, que tem quase duas décadas de atuação na exportação de produtos refrigerados na Região. A meta da empresa, agora, é buscar oportunidades no Sul e Sudeste.
Para desembarcar nas novas regiões, entretanto, a empresa precisa diversificar a gama de segmentos a atender com sua expertise em logística fria com foco nos mercados externos. E já identificou o alvo a perseguir: as grandes companhias de proteína animal.
A atenção da Ftrade, com sede em Fortaleza (CE), foi despertada pelo desempenho notável das exportações brasileiras de carnes.
Se o agronegócio continua sendo o motor das nossas vendas externas (em agosto passado foi responsável por 49,2% do total exportado pelo País), o segmento de carnes foi um dos que registrou melhor desempenho.
A carne bovina movimentou 301,9 mil toneladas — um recorde — com crescimento de 31,5% em relação ao mesmo período do ano passado. No caso dos suínos, o volume foi o segundo melhor resultado mensal da história, superando em 4,7% do total embarcado no mesmo período do ano passado (112,8 mil toneladas).
Apenas o volume de carne de frango enviado ao exterior não teve o mesmo desempenho positivo. Em agosto, o volume foi 12,3% menor em relação ao mesmo período do ano passado.
O avanço externo do agronegócio tem se refletido nos negócios da Ftrade. No primeiro semestre de 2024, a companhia registrou um crescimento de 37% no segmento marítimo em comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2023, a alta foi de 26%.
E o esforço de diversificação, já iniciado, deu resultados. “Além dos perecíveis, que é bem conhecido da nossa carteira, que são as frutas e as raízes, a gente vem também tendo resultado nas proteínas, suco de laranja, entre outros produtos desse segmento”, afirma Frederico Lemos, gerente comercial da FTrade no Sul e Sudeste.
“Isso é importante porque reflete o compromisso com a diversificação e crescimento contínuo nos novos mercados”.
O desembarque no Sul já teve uma primeira etapa. A companhia mantinha uma carteira de clientes ativa em São Paulo, no Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. O que faltava era um escritório para ser a base de operações para atender essas Regiões.
Agora, não falta mais. “A gente tem o apoio de escritório próprio em toda essa Região através da Allog”, conta Lemos, que desde o primeiro semestre atua diretamente em São Paulo.
O Grupo Allog, especializado em logística internacional com sede em Itajaí (SC) e unidades em diferentes partes do Brasil, comprou o controle da FTrade há quase um ano, tornando-se o maior acionista, com 51% de participação.
A ampliação para o Sudeste e Sul já estava no planejamento antes da aquisição, mas ganhou impulso após o fechamento do negócio.
Novos mercados
Ao AgFeed, o gerente comercial da FTrade no Sul e Sudeste disse que a abertura de novos escritórios está nos planos estratégicos, mas no momento, o foco principal é o aumento do portfólio.
A companhia tem feito captação de carga para participar dos mercados da Ásia e do Oriente Médio, para sair “um pouquinho do segmento só da fruta” — atualmente, as frutas representam cerca de 90% dos negócios da Ftrade.
“A Ásia hoje tem uma importância na proteína, ela absorve quase 60% do volume exportado pelo Brasil. Então, é um dos nossos focos e é um mercado que a gente já iniciou as nossas operações logísticas, fazendo o agenciamento dos nossos clientes”, destaca Lemos.
Há olhares também para o velho continente e nichos de mercado. A Ftrade fechou novos negócios na exportação de carne equina. A entrada é pelo porto de Antuérpia, na Bélgica, para depois ser distribuída para outros países da Europa, com a Itália em destaque.