Quando a família Migliavacca fundou a Mig-Plus, em 1991, não imaginava que a empresa, décadas depois, sairia de Casca, no Rio Grande do Sul, para ganhar terreno estrangeiro.
Depois de 33 anos no mercado, a empresa do ramo de nutrição animal tem planos para expandir negócios no Paraguai, onde já comercializa produtos voltados para a alimentação de bovinos, equinos, suínos, aves e ovinos, como ração e suplementos.
“É um plano para mais adiante. Se o Brasil continuar assim, a gente pretende dar um passo para o outro lado do Rio Grande do Sul”, disse um dos fundadores e diretor da empresa, Flauri Migliavacca, em entrevista ao AgFeed.
Se os planos de ter operações em terras paraguaias são para o futuro, para o presente, a empresa amplia a presença no estado gaúcho.
Após registrar receita de R$ 650 milhões em 2023, a agroindústria prepara uma injeção de investimentos, na ordem de R$ 40 milhões, para aumentar a capacidade de produção e diversificar a linha de produtos de nutrição animal.
Do valor total, R$ 25 milhões foram destinados para a construção de uma nova fábrica, a ser entregue até o fim deste ano. A unidade fará os processos de extrusão e de laminação na linha de nutrição animal, direcionada a suínos, aves e bovinos, tanto de corte quanto de leite.
“São peças para a gente reduzir e melhorar a qualidade do produto”, comentou o executivo da Mig-Plus.
Médico veterinário, ele explicou que a função da laminadora é amassar os grãos e, com isso, ter melhor aproveitamento de vitaminas e minerais. Além disso, o processo promove maior digestibilidade pelo animal e absorção de proteínas do grão com mais facilidade.
“A extrusora elimina grande parte das micotoxinas, provocada por fungos, que prejudicam suínos, aves e bovinos”, acrescentou.
Os demais R$ 15 milhões foram investidos em uma segunda linha de produção de pellets, que deverá ser concluída no começo de 2025. Com o investimento, a capacidade produtiva da unidade será o dobro da atual, de 25 toneladas por hora.
“Depois da ração estar totalmente pronta, ela passa pelo processo de peletização. Além de melhorar a digestão, há um desperdício menor de ração, já que ela passa por um pré-cozimento, o que faz com que aves e suínos tenham uma melhor absorção de amido e da proteína”, destacou Flauri Migliavacca.
Com 420 funcionários, além de 230 técnicos e profissionais do setor comercial, a Mig-Plus tem apresentado crescimento médio de 12% ao ano e, para 2024, projeta bater recordes em volume de produção, tendo produzido 25% a mais do que o registrado um ano antes.
Porém, impactada pelas chuvas que caíram no Rio Grande do Sul entre abril e maio, a agroindústria viu o seu faturamento cair.
“Nós perdemos um considerável valor em dinheiro, na casa dos milhões. Teve produtor que perdeu tudo e eles estavam comprando da gente. Não tem o que cobrar dele. Estamos a menos de 100 quilômetros de distância do Vale do Taquari. Nossos representantes também perderam tudo o que tinham de produtos em estoque”, comentou o fundador.
O Vale do Taquari foi uma das regiões mais afetadas pela tragédia climática no estado gaúcho. De acordo com o executivo, com a falta de acesso, a Mig-Plus precisou ajudar duas empresas do ramo de saúde animal que atuam na região e atendem a JBS e a BRF.
“Foi uma loucura. Tinha lugares que a gente não conseguia chegar com o caminhão, mas ajudamos essas empresas para que os animais não ficassem sem ração. Principalmente, suínos”, diz.
De olho em novos mercados e em mais receita, a Mig-Plus está mirando a aquacultura. Migliavacca disse ver oportunidades em um negócio em ascensão.
“Vemos que é uma área que crescerá bastante. Então, estamos investindo para diversificar os nossos negócios”, contou, complementando que a empresa não investe apenas na área de pet, uma vez que fornecem matéria-prima para produtoras de ração para cães e gatos.