A valorização de 11,5% do dólar em relação ao real no segundo trimestre do ano impactou o balanço da fabricante de alimentos M. Dias Branco, que registrou piora nos resultados do período.

A companhia que produz, principalmente massas e biscoitos, teve lucro líquido 12,8% menor entre abril e junho, somando R$ 189,9 milhões. O lucro bruto ficou em R$ 917,3 milhões, queda de 2,5% em relação ao mesmo trimestre de 2023.

Com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) não foi diferente. Houve um recuo de 10,6% no período, para R$ 336,8 milhões. Em linha, a margem Ebitda caiu 0,4 ponto percentual, alcançando 12,8%.

A receita líquida da M. Dias Branco também não escapou da queda, de 7,7% na base anual, somando R$ 2,63 bilhões no segundo trimestre, mesmo com avanço de 11,6% no volume total de vendas, chegando a 507 mil toneladas.

Segundo a companhia, a redução dos lucros e da receita é justificada pelo aumento de custos variáveis, principalmente, em razão da desvalorização do real frente à moeda norte-americana, além do preço da matéria-prima.

“Ao longo do trimestre, a curva do trigo inverteu e a commodity voltou a subir, junto com a desvalorização do real frente ao dólar. Os reajustes para elevar os preços, de forma a acompanhar os custos, se materializaram apenas em junho, último mês do trimestre, sem refletir no Ebitda reportado”, disse o diretor de relações com investidores da empresa, Fábio Cefaly, em comunicado.

Por segmentos, a receita de biscoitos atingiu R$ 1,34 bilhão, queda de 8,4% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a de massas caiu 2%, para R$ 577,8 milhões. O movimento reflete o recuo nos preços dos segmentos, de 9,3% e 10,1%, respectivamente.

O preço médio dos produtos caiu 17% na comparação anual e foi dos principais fatores negativos vistos no balanço pelos analistas do BTG Pactual. O banco esperava queda em indicadores como receita e lucro líquido, mas os resultados vieram piores do que o projetado.

A instituição manteve a recomendação “neutra” em relação às ações da M. Dias Branco e indica que só devera mudar sua avaliação caso a companhia indique capacidade de retomar seu crescimento.

Na manhã desta segunda-feira, as ações da M. Dias Branco chegaram a cair mais de 6%, mas as 11h já apresentavam queda menos acentuada, de 5%, com os papeis negociados a R$ 28 por ação.

Por outro lado, a companhia diz que aumentou a participação de mercado em volume e valor no segmento de massas e farinhas em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o segmento de biscoitos manteve o market share em patamar próximo aos 32%, permitindo à empresa realizar movimentos de readequação de preços.

 

Além disso, a M. Dias Branco declarou em seu balanço financeiro, divulgado na noite da última sexta-feira, que realizou investimentos de R$ 60,9 milhões no segundo trimestre, montante 15,3% menor ante um ano antes. A companhia investiu em obras de melhorias em uma unidade no Ceará e na aquisição de máquinas e equipamentos para a produção de lámen não frito.

 

Ao fim de junho, a fabricante de massas e biscoitos tinha em caixa R$ 2,5 bilhões, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2023.