Criada em 2020 como uma espécie de elo entre a John Deere e a Claro para expandir a conectividade no campo, a empresa espécializada em concectividade rural Sol agora já contabiliza os resultados de novos negócios que vão além das parcerias iniciais.

Em entrevista exclusiva ao AgFeed, o CEO da Sol, Rodrigo Oliveira, contou que hoje 50% das torres já construídas ou em fase de instalação estão relacionadas com a parceria com a John Deere e seus concessionários. Os outros 50% envolvem novos contratos que vêm sendo fechados pela empresa.

O maior deles foi o acordo com a Ampa, Associação Mato Grossense de Produtores de Algodão, que busca garantir o acesso a internet em 70% das áreas cultivadas com a pluma no País.

Além de diversificar os parceiros, a empresa tem buscado também maior presença fora do Mato Grosso e está de olho na promissora região do Matopiba, por exemplo.

“Já estamos com torres ativas em todos os grandes centros do agro do Brasil. Já temos pelo menos 8 projetos entre Pará e Maranhão”, disse Oliveira.

Inicialmente chamada de Sol Internet of People, a empresa atualmente adota o nome Sol by RZK, em função de seu novo sócio, o Grupo RZK, que vem ampliando a atuação no agronegócio, com atuação que vai da produção agropecuária a revendas de máquinas.

Entre os clientes de peso mais recentes estão a BrasilAgro, que teve duas torres construídas em uma de suas fazendas no oeste da Bahia, o grupo Juparanã, de Paragominas-PA e um projeto de maior porte em Alagoas, em função da parceria que a Sol já tinha com a Usina Caeté, no interior de São Paulo. No estado nordestino a iniciativa envolve a construção de 10 torres.

Há novas iniciativas com médios produtores também em Goiás e Tocantins, além de um projeto ativo em Rondônia. Segundo a empresa, ainda assim, 77% de sua atuação está na região Centro-Oeste, mas as torres da Sol estariam presentes atualmente em 13 estados brasileiros.

Oliveira acredita no potencial do Matopiba em função de “muita gente estar indo para lá e haver uma necessidade mais latente por conexão básica, até para que as pessoas queiram trabalhar na região”. Do ano passado para cá, a Sol passou de 2 para 15 projetos na região.

Modelo de negócio ajustado

O plano da Sol é fechar 2024 com 450 torres. Duzentas delas já foram construídas e estão irradiando ou em vias de irradiar o sinal de internet. No final de 2023 a empresa contava com 300 torres contratadas, mas menos de um terço estavam ativas.

A área de lavouras com internet da empresa que era de 8 milhões de hectares no ano passado, devem chegar a 12 milhões de hectares no fim de 2024, segundo o CEO.

Rodrigo Oliveira diz que o negócio começou a crescer mais forte à medida que foram ajustando o modelo, agora mais alinhado à realidade do produtor.

“O mercado antes esperava o produtor decidir investir em conectividade. Nós primeiro colocamos a infraestrutrua e acreditamos que o produtor vai usar. Por isso nossa expansão foi tão rápida”, afirma.

No modelo atual o cliente paga uma mensalidade, por 60 meses, e “é tudo conversível em serviços, planos e tecnologia”, disse o executivo.

No começo o produtor era envolvido no custo de construir a torre, algo que nem sempre era viável de dividir com vizinhos, por exemplo. Mas no acordo com a Ampa e com a John Deere a decisão foi primeiro construir as torres e depois só cobrar os serviços das fazendas.

Oliveira diz que o custo médio por torre é de R$250 mil, por isso a estimativa é de um investimento próximo de R$100 milhões até o fim do ano. Ele não revela quanto se trata de aporte da Sol e quanto fica para os parceiros.

“Hoje só precisamos que produtor ceda o espaço e um ponto de energia elétrica para colocar a torre. Construímos a torre, colocamos conectividade e o que ele paga é serviço, o que consome”, diz.

Ele acredita que acaba democratizando o acesso, no atual modelo. “Se eu tiver 10 produtores, todos eles consumindo, eu já consigo pagar uma torre”.

Em Mato Grosso, onde estão 65%, um dos focos iniciais foi Campo Verde, onde a Sol assumiu a tarefa de garantir conectividade em todo o território do município.

Novas fontes de receita

O projeto da Sol deve entrar agora em outra etapa, em que o avanço da construção de torres pode manter o atual ritmo, mas a empresa passa a ter foco também em oferecer outros serviços ao agro, além da conectividade em si.

“Queremos chegar em 35% da área de lavouras coberta. Depois acredito numa expansão menos pesada em torres e mais na inteligência de dados”, disse o CEO.

A iniciativa inclui mais tecnologia para os produtores que usam telemetria nas máquinas agrícolas, por exemplo. Mas também está de olho em serviços adicionais que podem ser oferecidos pelo fato de haver um monitoramento das máquinas em tempo real.

Uma opção para o futuro poderia ser acordo com empresas da área financeira ou mesmo no setor de seguros.

“Hoje a maioria dos bancos não usa a máquina como garantia real para o financiamento porque não consegue monitorar. Mas o monitoramento ativo pode reduzir o risco e oferecer uma diferença absurda em relação aos juros que o produtor paga no mercado”, avalia.

A solução pode beneficiar aqueles arrendam terras para produzir e não tem a fazenda para dar como garantia ao tomar o empréstimo.

São oportunidades que, por enquanto, ainda não estão fechadas. O CEO da Sol garante que a empresa já “passou do breakeven”, embora não revele dados de faturamento.

Caso queira avançar em novas soluções de dados, ou mesmo em oportunidades alternativas como essa da área financeira, aí sim ele acredita que a empresa poderá buscar um aporte no mercado, mas garante que para o negócio principal não há necessidade.

A previsão para 2025 é acrescentar de 3 a 6 milhões de hectares a mais cobertos pela conectividade da Sol no País. “Acho possível seguir com 150 torres a mais por ano porque hoje, no meu pipeline de negociações, tenho mais de 300 projetos”.