Não foi o balanço dos sonhos de qualquer CEO. Repletos de números com sinais negativos à frente, quando comparados com os resultados do mesmo período no ano passado, o resultados do primeiro trimestre de 2024, apresentados pela gigante alemã Bayer na manhã desta terça-feira, 14 de maio, já deram um novo humor ao CEO da empresa, Bill Anderson.

Se os demonstrativos anteriores mereceram críticas e comentários sinceros do executivo, desta vez ele enxergou sinais de que a sangria nas contas da companhia começa a estancar – e atribiu esse alento às mudanças radiciais que vem impondo desde que assumiu o posto, em julho passado.

“Em março, destaquei quatro áreas nas quais estamos focados para colocar a Bayer de volta no caminho certo”, afirmou ele, na mensagem de divulgação do balanço. “Dois meses depois, fizemos progressos em cada um deles”.

Anderson se referia ao pronunciamento feito na conferência em que apresentou o balanço anual de 2023. Então, ele citou como principais desafios da Bayer a esperada perda de sua exclusividade em patentes de medicamentos essenciais, o alto endividamento, os bilionários litígios relacionados ao herbicida Roundup e a grande burocracia hierárquica interna.

Agora, ele entende ter dado passos à frente em inovação, compytado vitórias na seara litigiosa, reduzido o endividamento e caminhado rapidamente no sentido de enxugar a estrutura administrativa da empresa, com a implantação do que chama de modelo operacional de “Propriedade Compartilhada Dinâmica” (DSO, na sigla em inglês para Dynamic Shared Ownership).

“Estamos consolidando funções, projetando equipes para maior impacto e eliminando camadas (de decisão). A medida mais importante do nosso impacto será muito maior do que um número de empregos ou uma meta de redução de custos. Dependerá da nossa capacidade de inovar, expandir nossos negócios e melhorar a vida de nossos clientes”, afirmou.

Os números do balanço vieram dentro do esperado por ele e os analistas. “As vendas do primeiro trimestre diminuíram ligeiramente em relação ao ano anterior”, disse. No cômputo geral, já com os ajustes cambiais e de portfolio, a receita ficou em 13,7 bilhões de euros, uma redução de 0,6% em relação ao primeiro trimestre de 2023.

Na área de Crop Science, a divisão agrícola da companhia, a queda das vendas ficou em 3%, bauixnado para 7,9 bilhões de euros, “principalmente devido aos menores volumes de herbicidas não baseados em glifosato e ao negócio de fungicidas na região Europa/Oriente Médio/África.

Com relação aos produtos à base de glifosato, que concentra os grandes litígios enfrentados pela empresa, as reduções de preços foram significativas mercado em todas as regiões, não sendo, segundo a Bayer, compensadas pela forte recuperação de volume.

Nas áreas de herbicidas e fungicidas as quedas de receita foram de 13,3% e 8,5%, respectivamente.
Já os negócios de sementes apresentaram resultados estáveis (no caso de soja) ou positivos (no milho), enquanto as vendas de inseticidas avançaram 2,3%.

Anderson comemorou esses números, afirmando que a divisão “superou o desempenho dos seus pares em um momento difícil”.