A Plataforma Jornada Amazônia, uma iniciativa criada pela Fundação CERTI, acabou de abrir as inscrições para uma nova rodada de seu programa Sinapse da Bioeconomia, que busca ajudar empreendimentos que atuem na preservação da região da Amazônia Legal.
Serão injetados R$ 4,2 milhões em até 70 negócios, cerca de R$ 60 mil para cada um. O dinheiro é originado de uma parceria entre Fundo Vale e os bancos Itaú, Santander e Bradesco.
Essa é a segunda edição do Sinapse Bio, que em 2023, selecionou 71 projetos de 14 estados do País ligados aos setores de alimentos e bebidas, agronegócio, cosméticos, florestal e pesca.
Nas palavras de Victor Moreira, pesquisador da CERTI que atua na Jornada Amazônia, a plataforma visa fomentar o empreendedorismo e desenvolver negócios na região.
São aceitas iniciativas que vão desde startups em estágio inicial até ideias de pessoas físicas, podendo ser pesquisadores ou não. Na prática, o dinheiro recebido serve para tirar o negócio do papel.
“Queremos manter a competitividade da floresta em pé, e ajudar negócios que contribuam para gerar valor para essa floresta”, afirmou.
O Sinapse da Bioeconomia é um exemplo de projeto da Jornada Amazônia com mais foco em estágios iniciais, já o Sinergia é feito para negócios mais desenvolvidos.
No caso do primeiro, que acabou de abrir as inscrições, Moreira cita que a ideia é trazer iniciativas de agroflorestas, tecnologias de cadeias produtivas, rastreabilidades e cultivo de plantas nativas.
Gustavo de Quadro, consultor de projetos na iniciativa, resume que o Sinapse é o programa para “ideias de negócio” e, portanto, tem foco maior no “CPF ao invés do CNPJ”.
“Recebemos muita gente com perfil acadêmico, sejam doutores, pós-doutores ou até mesmo graduandos, além de pessoas do mercado que chegam com uma ideia”, afirmou.
Na edição passada, foram 600 iniciativas inscritas na primeira fase, que depois de uma seleção, passaram para 200 projetos na segunda. Nessa etapa, a equipe da Jornada aumenta os critérios para chegar a 90 negócios na terceira fase, onde entra uma etapa com entrevistas presenciais.
A metodologia foi desenvolvida pela CERTI. Os negócios selecionados então passam por uma incubação que envolve desde aulas sobre empreendedorismo e mercado até revisão de plano de negócios e capacitações entre os empreendedores.
Depois disso, os negócios vão ao mercado numa “venda experimental”, explicou Quadro. “Deixamos os participantes livres para montar um plano, fazemos sugestões e fornecemos conexões, mas os deixamos livres para fazer esse experimento de validar o produto”, contou.
Pelas normas do projeto, 80% das iniciativas selecionadas precisam já estar na região. “Os 20% restantes podem vir de outros estados do Brasil, desde que abram o CNPJ lá e atuem na região”, afirmou Gustavo de Quadro.
Na edição passada, uma das agtechs selecionadas foi a Apys, empresa que desenvolveu manejos tecnológicos para a cadeia produtiva do mel. Além dela, a Amazon BioFert, que produz um fertilizante à base do caroço do açaí, foi uma das escolhidas.
“Convidamos os empreendedores e pesquisadores da região a dar corpo às suas ideias inovadoras. Temos um grande potencial de soluções para o futuro da região sendo colocadas em prática e há espaço para mais inovação em negócios que contribuam para a manutenção da floresta em pé”, afirmou Marcos Da-Ré, diretor do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI.