Depois de algumas revisões mais expressivas, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) manteve praticamente estável sua projeção para a safra de soja da temporada 2023/24, com uma leve redução de 337 mil toneladas, em relação ao levantamento divulgado em março.

Em boletim publicado nesta quinta-feira, 11 de abril, a empresa estimou uma produção para a oleaginosa em 146,5 milhões de toneladas, quase em linha com as 146,8 milhões de toneladas apontadas no mês passado, mas que representa uma queda de 5,2% em relação à safra 2022/23.

A área de soja foi mantida em 45,2 milhões de hectares e a produtividade média ficou em 3.239 kg/ha, levemente abaixo dos 2.251 kg/ha do mês passado, mas quase 8% menor em relação à safra anterior.

A redução se deve às baixas precipitações e às temperaturas acima do normal nas principais regiões produtoras do Centro-Oeste e Sudeste, ocasionando atraso do plantio e perdas na produtividade.

Considerando todas as culturas, a Conab estima que a produção de grãos no País atinja 294,1 milhões de toneladas, 0,5% menor, algo em torno de 1,5 milhão de toneladas a menos que o levantamento anterior, e 8% abaixo do volume colhido na safra passada.

Na prática, serão 25,7 milhões de toneladas a menos a serem colhidas. A área ficará estável de uma temporada para outra, estimada em 78,53 milhões de hectares pela Conab.

Os efeitos do El Niño afetaram a projeção de produtividade média da safra total de grãos, que saiu de 4 toneladas por hectare para 3,7 toneladas.

Os números da Conab divergem da projeção feita, na semana passada, pela Agroconsult, que indica uma produção de 10 milhões de toneladas de soja a mais, nesta safra.

Para a consultoria, que organiza o Rally da Safra, a produção de soja na safra 2023/2024 deve vir em 156,5 milhões de toneladas, quase 3% acima do projetado pela empresa em fevereiro. Segundo a Agroconsult, o monitoramento que inclui imagens de satélites mostra que a área plantada é 1,2 milhão de hectares maior do que prevê a Conab.

No início da safra, em setembro do ano passado, a previsão era de uma colheita de soja em 169,1 milhões de toneladas, de acordo com a Agroconsult. Portanto houve uma quebra de 12,6 milhões de toneladas em relação às expectativas iniciais.

Corte no milho

O milho teve a produção total estimada em 110,9 milhões de toneladas, considerando o cereal cultivado na primeira, segunda e terceira safra. Segundo a estatal, a primeira safra deve ter uma produção de 23,3 milhões de toneladas e a segunda, 85,6 milhões de toneladas.

O número total mostra uma queda de 1,8 milhão de toneladas em relação à projeção anterior, de março. O corte mais expressivo, em relação ao mês passado, foi feito na segunda safra de milho, que é a maior plantada no País. A Conab prevê que sejam colhidas 1,7 milhão de toneladas a menos na chamada safrinha.

O relatório pontuou ainda que a colheita da primeira safra de milho já está em 51% da área cultivada, enquanto a semeadura da segunda safra está praticamente finalizada.

“No Mato Grosso, a maioria das lavouras apresenta bom desenvolvimento, assim como em Goiás e Minas Gerais. No Mato Grosso do Sul e no Paraná, a redução das chuvas em março provocou sintomas de estresse hídrico em diversas áreas, comprometendo o seu potencial produtivo.

Nas demais regiões produtoras, as lavouras apresentam bom desenvolvimento, mesmo com atrasos no plantio”, pontuou a Conab, no relatório.

No algodão, a Conab informou que as condições climáticas continuam favorecendo as lavouras e a previsão é que sejam colhidas cerca de 3,6 milhões de toneladas de pluma, alta de 13,4% frente à safra anterior, e estável frente a última projeção.

“A área cultivada de algodão também registra crescimento, passando de 1,7 milhão de hectares para 1,9 milhão de hectares, justificado principalmente pelas boas perspectivas de mercado”. Para o trigo, a estimativa atual indica uma produção de 9,7 milhões de toneladas.