Cuiabá (MT) - “Torcer para que em 2024 possamos melhorar esses números”. A frase é do vice-presidente da Inpasa, Rafael Ranzolin, e foi dita ao AgFeed durante a Conferência Unem-Datagro de Etanol de Milho, em um comentário a respeito do balanço da companhia, maior produtora de etanol de milho da América Latina, em 2023.
Os números, apresentados na manhã desta quinta-feira, 21 de março, estão longe de serem ruins. A empresa apresentou receita líquida de R$ 11 bilhões (27% acima de 2022) e viu a produção de etanol saltar 48%, de 1,9 bilhão para quase 3 bilhões de litros, resultado da conclusão da segunda fase da planta de Nova Mutum (MT).
Mas o preço do combustível e de outros produtos resultantes do processamento de cereais em suas unidades – como o DDGS e os óleos – não ajudaram e reduziram a rentabilidade do negócio.
Com isso, o lucro líquido do exercício, de R$ 1,7 bilhão, ficou 14% abaixo ao ano anterior e a margem Ebitda, de 22,32%, caiu mais de 8 pontos percentuais.
“O ano de 2023 teve um desafio gigante pois o mercado se acomodou de forma diferente”, explicou Ranzolin. “A commodity acabou perdendo um pouco do valor e pressionou a margem. Todas as indústrias estavam compradas num produto um pouco acima, e acabou que etanol, DDGS e óleo baixaram na mesma escala”.
Para o executivo, os números nossos apresentados mostraram “uma solidez no setor e da Inpasa em específico”. Segundo Ranzolin, a capilaridade das operações da empresa em diferentes regiões ajudou a reduzir os impactos dessa baixa e aproveitar algumas oportunidades de mercado.
“Em alguns pontos estávamos comprados com o milho de forma adiantada e, em outros, não realizado. Fizemos um mix de matéria prima num preço médio e, consequentemente, vendemos o produto final num preço relativamente bom”.
A Inpasa considerou que os números vieram dentro do planejado, de acordo com as variações de mercado. Em 2023, a empresa anunciou investimentos de R$ 2,1 bilhões, que devem resultar na construção de uma nova planta em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, e a conclusão da ampliação em Sinop, no Mato Grosso, que deve dobrar sua capacidade de produção.
A relação entre dívida líquida (que subiu 18%, para R$ 4,1 bilhões) e Ebitda (que ficou em R$ 2,4 bilhões, 7% inferior a 2022) subiu de 1,3x para 1,7 vezes, mas ainda dentro de um patamar saudável.
“Claro que sempre queremos números melhores, mas em função do que aconteceu com o setor, que se reacomodou, tivemos um desempenho financeiro muito bom”, afirmou o vice-presidente da Inpasa.