Uma das maiores empresas de logística do País, a JSL deve transitar de maneira ainda mais desenvolta pelo agro. A companhia acaba de colocar no mercado um CRA de R$ 1,75 bilhão, numa emissão lastreada por CDCAs (Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio) emitidos pela própria empresa.
O recurso obtido por meio desses CDCAs será utilizado para reforçar o capital de giro da empresa, que atua como o braço logístico do grupo Simpar.
A empresa fechou 2022 com um capital de giro de R$ 383 milhões. No recorte do terceiro trimestre de 2023, último que foi divulgado pela JSL, a empresa teve um capital de giro negativo em R$ 63 milhões. Os resultados fechados de 2023 devem ser divulgados em 26 de março.
No balanço, a JSL afirma que as receitas vindas do agronegócio passaram a representar 10% do faturamento no terceiro trimestre. No período, a receita líquida ficou em R$ 2 bilhões, o que faria o agro ser responsável por cerca de R$ 200 milhões desse montante.
Ainda no setor, mas com outra rubrica no balanço, a empresa conta com 13% da receita, algo em torno de R$ 260 milhões, provenientes de operações com empresas de papel e celulose.
A JSL tem também subsidiárias que atuam com o transporte de máquinas e, nas contas do CEO da empresa, Ramon Alcaraz, em entrevista ao AgFeed em maio do ano passado, o percentual desse “ecossistema agro” na receita pode chegar aos 25%.
A empresa pontuou que a compra da IC Transportes, feita em maio do ano passado, contribuiu para esse avanço das receitas vindas do agro. Segundo a JSL, no segundo trimestre do ano passado, antes da aquisição, esse percentual era de 2%.
Nos termos do negócio, a empresa do grupo Simpar pagou R$ 338 milhões pelo equity value (valor de mercado menos as dívidas) da IC.
Na época que fez a compra, Ramon Alcaraz pontuou que a empresa “voltou às raízes”, já que seu primeiro cliente, nos anos 1950, foi justamente a Suzano.
A nova emissão conta com três séries, sendo a primeira de R$ 605 milhões, a segunda, de R$ 800 milhões e a terceira, de R$ 343 milhões. As três séries possuem vencimento em 15 de fevereiro de 2031.
A primeira série tem uma remuneração aos investidores prefixada de 11,33% ao ano. Já a segunda série será atrelada ao IPCA mais um pagamento de 6,45% de juros ao ano. Por fim, a terceira série levará em conta a variação acumulada da taxa DI mais 1,20% ao ano.
Os juros remuneratórios serão pagos semestralmente e a amortização de cada série se dará em três parcelas, de forma anual, a partir de 15 de fevereiro de 2029.
Segundo o anúncio de início da oferta, a JSL buscava inicialmente R$ 700 milhões com a emissão, mas quando foi feita a coleta de indicações e interesses e pedidos de compra de investidores durante a emissão, processo conhecido como Bookbuilding, o montante superou as expectativas.
A emissão tem como público investidores qualificados, ou seja, aqueles que possuem no mínimo R$ 1 milhão investido no mercado. Cada CRA tem valor de R$ 1 mil.
O BTG Pactual foi o coordenador líder da oferta, e a XP, o UBS BB e o Bradesco BBI entraram como coordenadores.
A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu o maior rating “AAAsf(bra)” para a emissão, e disse, em documento, que a qualidade de crédito da JSL fundamenta essa classificação.
A agência também tem uma perspectiva boa com a Simpar, dona da JSL, e afirma que essa classificação “reflete a elevada escalada do grupo, seu robusto perfil de negócios e sua forte posição competitiva no setor brasileiro de locação e logística”.
“A JSL apresenta forte perfil de negócios, resultado de sua robusta escala, de uma diversificada carteira de serviços, da resiliência de sua rentabilidade e de liderança nos segmentos de logística rodoviária e serviços dedicados no Brasil, onde tem reportado rápido crescimento – tanto orgânico como por meio de aquisições”, pontuou a Fitch, em um comunicado.