A Cromai, agtech que utiliza Inteligência Artificial para detectar ervas daninhas, acaba de receber mais um aporte. A empresa estendeu sua rodada série A e recebeu mais R$ 17 milhões da CV iDEXO, fundo de corporate venture capital da Totvs, que é gerido pela Citrino Ventures.
Além disso, a Baraúna Venture Capital e o family office Citrino Gestão, de José Ermírio de Moraes Neto, que já eram investidores da startup, ainda fizeram um follow-on no investimento, o que fez a série A chegar a R$ 30 milhões.
O movimento de captura de recursos havia sido adiantado pelo AgFeed em outubro pelo COO da empresa, Henrique Del Papa. Na época, ele não divulgou os valores, mas adiantou que a empresa estava estendendo a rodada.
A empresa já havia recebido anteriormente duas rodadas de investimentos. A primeira foi do tipo pré-seed, de US$ 1 milhão, em 2021. Em 2022, entraram mais US$ 3 milhões, no início da Série A.
A espera compensou. Del Papa contou ao AgFeed que a empresa decidiu ampliar a rodada série A, que havia começado em 2022 com os US$ 3 milhões, quando percebeu que havia uma demanda para escalar sua solução.
“Quando fizemos a primeira parte da rodada, alguns fundos pediram espaço para abrir a captação novamente. Ficamos em dúvida, mas quando sentimos o mercado, no ano passado, vimos uma demanda forte de crescimento. Na época, entramos no mercado de soja no Mato Grosso e também algumas ideias de ir para o algodão e o milho”, conta.
A decisão de ampliar a captação e voltar a conversar com fundos veio antes de a Totvs demonstrar interesse na empresa. A conversa começou através da através da iDEXO, de modo mais formal, embora já houvesse contatos entre as tecnologias das duas empresas.
“Parte da integração de sistemas de algumas usinas de cana eram da Totvs e da Cromai, já havia uma familiaridade”, afirmou Del Papa.
Após o investimento, ele revelou sem dar muitos detalhes, as empresas já estão avaliam a possibilidade de criação de novas soluções em conjunto.
Del Papa comentou que a Cromai tinha algumas propostas de fundos, nacionais e internacionais, na mesa, mas optou pelo aporte da Totvs justamente pelo fit entre os sistemas e pela possibilidade de pensar em soluções em conjunto.
“No contexto todo, eu e o Guilherme (Castro, CEO da empresa), olhamos para as vantagens que, no final, são maiores que somente o investimento”.
A Totvs, uma das líderes do mercado de software para gestão empresarial, tem feito incursões cada vez mais regulares no agro. Em entrevista ao AgFeed no ano passado, Fabrício Orrigo, diretor de Produtos Agro da empresa, pontuou que, naquele momento, a empresa olhava com atenção para tradings e comercializadoras.
“Analisamos diversas startups focadas no agro e a Cromai certamente é uma das empresas mais inovadoras do país nesse setor. Dentre diversos aspectos, o que mais nos chamou a atenção foi a capacidade do time de criar aplicações reais utilizando IA, que de fato geram valor aos clientes e não são somente a tecnologia pela tecnologia”, comentou Felipe Fornaziere, general partner da Citrino Ventures, gestora do CV iDEXO, em nota.
Na tecnologia da Cromai, o software detecta e classifica padrões de imagens coletadas por drones em campo para verificar a presença de plantas daninhas, tudo com ajuda de IA.
Com isso, a startup acredita que os produtores conseguem fazer a pulverização de forma mais precisa e localizada, reduzindo o uso de defensivos e até do tempo de uso de tratores em campo, economizando combustível. Na cana, a IA ajuda também a detectar impurezas vegetais no carregamento das plantas.
Desde que entrou no mercado em 2022, a empresa diz ter triplicado de tamanho e já atuar com grandes nomes do setor, como Bom Futuro e Amaggi. A empresa também planeja entrar no mercado de algodão e do milho.
“Já estamos treinando nossa IA para atuar no algodão e no milho, e devemos lançar os produtos já na próxima safra. Estamos acelerando para trazer as tecnologias primeiro no algodão e depois no grão”, comentou Henrique Del Papa.
Com o novo aporte, a empresa pretende ampliar ainda mais sua presença no mercado sojicultor em 2024, e também ganhar tração no mercado sucroenergético. A meta é ter em carteira cerca de 130 usinas. Atualmente, são 63 usinas na carteira.
Para Del Papa, que entrou como sócio da empresa em uma das rodadas de aceleração, os novos recursos devem também viabilizar a internacionalização da Cromai.
Mesmo com a ideia, que segundo o COO é aplicável a qualquer cultura em qualquer país, o foco está em conquistar ainda mais o mercado brasileiro. “Estamos num berço do agro, que também é um dos maiores mercados potenciais, que é o Brasil”, afirma.