O ano de 2023 foi difícil para a Ligga Telecom. A empresa que presta serviços de telecomunicações no estado do Paraná acumulou prejuízo até setembro e enfrentou duas trocas de presidente.
Para reverter essa situação, a Ligga começa a mudar algumas estratégias que vinham sendo utilizadas. Uma delas envolverá especificamente o agronegócio.
A companhia vai utilizar a sua participação no Show Rural Coopavel, na cidade de Cascavel, um dos principais eventos do calendário agro brasileiro, para iniciar essa mudança.
“Hoje, nós atuamos no agronegócio por meio de cooperativas. Agora, queremos chegar diretamente ao produtor rural, oferecendo conectividade inclusive pelo 5G, já que adquirimos o direito de explorar a tecnologia no leilão da Anatel”, afirma Rafael Marquez, Chief Revenue Officer (CRO) da Ligga, responsável por gerar e aumentar as receitas da companhia.
Para o executivo, há grandes oportunidades no estado que a Ligga pode aproveitar, inclusive com a estrutura que já possui ao atender escolas rurais.
A Ligga atende 148 escolas na zona rural do Paraná, inclusive em aldeias indígenas e comunidades quilombolas remanescentes. São quase 28 mil alunos de ensino fundamental e médio.
“Nesse caso, é um trabalho de esticar por poucos quilômetros a rede que já existe. E no mesmo poste, nós podemos ter conexão 4G e 5G, já que ambas têm usos diferentes para os produtores”, explica Marquez.
A Ligga está literalmente iniciando seu contato direto com os produtores rurais na feira de Cascavel. “Ainda não temos sequer produtos montados para esse público. Vamos analisar quais as principais demandas, e a partir daí teremos uma linha”, afirma o CRO da empresa.
Atualmente, os clientes corporativos respondem por metade do faturamento da Ligga e, segundo Marquez, as cooperativas agropecuárias têm uma fatia relevante.
“Claro que vamos manter nossos negócios com as cooperativas. Mas hoje, há uma carência de atendimento dos médios e pequenos produtores. Nós queremos chegar nesse público. As cooperativas inclusive podem ser nossas parceiras comerciais”.
O conhecimento das particularidades de cada região é apontado por Marquez como uma vantagem para a Ligga. “Hoje, no Brasil, 60% do market share em telecomunicações está nas mãos de operadoras regionais. As grandes não chegam até os produtores de menor porte”.
Por ainda não tem nada pronto, Marquez ainda não sabe dizer quanto a Ligga terá que investir para atingir esse público. “Nós estamos inclusive entrando em Cascavel com a feira. Vamos olhar caso a caso, montar um produto de acordo com a necessidade do produtor e fazer os investimentos necessários”.
A companhia quer aproveitar o fluxo calculado em 300 mil visitantes do Show Rural Coopavel, com estimativa de gerar R$ 5,5 bilhões em negócios.
Ano de prejuízo
A Ligga ainda não divulgou seu balanço fechado de 2023. No terceiro trimestre do ano passado, a companhia registrou prejuízo de R$ 7,5 milhões e, em nove meses, acumulou perdas de quase R$ 40 milhões.
A empresa teve um bom desempenho em faturamento, com crescimento de 37% nos nove meses encerrados em 2023, na comparação com 2022. Mas as despesas operacionais quase dobraram, com impactos negativos no resultado final.
Em novembro, a companhia anunciou a saída de Adeodato Volppi Neto do cargo de diretor presidente. Ele foi substituído por Wendell Alexandre Paes de Andrade.
Atualmente, a empresa atende cerca de 357 mil clientes no Paraná, sendo 16 mil corporativos.
Com a aquisição de licenças 5G, a empresa vai promover uma expansão nacional, se tornando disponível para 46% da população. Segundo a companhia, em breve a Ligga estará nos estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e São Paulo.