O período entre setembro e novembro de 2023 foi bastante agitado para o agronegócio brasileiro. Oscilações de preços das principais commodities, ondas de calor recorde e fortes chuvas, dependendo da região do País.
Para a Camil, toda essa agitação parece ter sido positiva. Pelo menos quando se compara o resultado da empresa processadora de grãos e outros produtos alimentícios com os números apresentados no trimestre que se encerrou em agosto.
No terceiro trimestre fiscal de 2023, encerrado em novembro, o volume de produtos vendidos caiu 8% na comparação com o período imediatamente anterior, para 519 mil toneladas.
A maior queda aconteceu nas vendas internacionais da Camil, de 12,4%, enquanto no Brasil, o recuo foi de 5,7%.
Mesmo assim, a companhia registrou um crescimento de receita líquida superior a 3% na mesma base de comparação, para R$ 3,4 bilhões. O lucro líquido triplicou, de R$ 47 milhões para R$ 143 milhões. O Ebitda (lucro antes da incidência de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu mais de 17% em três meses, para R$ 249 milhões.
“No cenário de alto giro no Brasil, composto por grãos e açúcar, o resultado foi impulsionado principalmente pelo aumento nos preços do arroz durante o período, assim como pelo crescimento no volume de açúcar, resultante da continuidade das operações de exportação iniciadas no trimestre anterior”, diz a Camil em comentário sobre os números.
No segmento chamado de Alto Valor, que engloba alimentos mais industrializados, a companhia destaca a boa rentabilidade em massas, segmento que terá uma expansão da planta de produção neste ano.
O que fez a diferença entre os dois períodos foram os preços praticados pela Camil. O valor líquido dos produtos da companhia subiu quase 10% no segmento Algo Giro, e quase 4% em Alto Valor no Brasil.
Mas o destaque maior ficou para os preços praticados fora do País. Em três meses, a Camil conseguiu aumentar em mais de 36% os valores de seus produtos no mercado internacional.
Na comparação anual, a receita líquida subiu mais de 15%, mas o lucro líquido teve queda de quase 3%, e o Ebitda recuou quase 20%. Nesta comparação, os resultados do terceiro trimestre fiscal de 2022 foram impulsionados por receitas operacionais resultantes da compra da Mabel, anunciada em agosto daquele ano.
Ao contrário do que aconteceu na comparação do trimestre, os volumes entre setembro e novembro de 2023 foram maiores que em 2022.
O crescimento total foi de quase 12% no volume, com destaque maior para o mercado internacional, com avanço superior a 30%. Mas neste caso, os preços tiveram tendência de estabilidade ou queda em produtos de alto valor e no mercado internacional. Os produtos mais básicos tiveram alta de 17%.
Com as emissões anunciadas em 2023, o nível de endividamento da Camil subiu significativamente em 12 meses.
A dívida líquida total chegou a R$ 3,5 bilhões em novembro, mês em que a companhia anunciou emissão de R$ 650 milhões em debêntures. Em maio, a companhia já havia captado R$ 625 milhões.
Assim, a relação entre dívida líquida e Ebitda da companhia passou de 2,8 vezes em novembro de 2022 para 4,3 vezes.
A Camil investiu quase R$ 80 milhões no trimestre, um valor 65% menor que o registrado um ano antes. Segundo a companhia, além do aumento da capacidade de produção de massas, os aportes foram direcionados também para elevar a capacidade de café.