Ao longo dos últimos cinco anos, o grupo sucroenergético Tereos investiu cerca de R$ 10 milhões em projetos de conectividade. Foram várias tentativas de levar cobertura com sinal de telefonia móvel para todos os 300 mil hectares de canaviais operados pela empresa e por seus 800 fornecedores.
A maior parte desse investimento acaba de ser destinada a um contrato assinado com a Embratel, do grupo Claro, e a Sol Internet of People, empresa especializada em levar infraestrutura de conectividade em ambientes rurais.
O acordo prevê a instalação de um número não revelado de antenas para transmissão de sinal 4G com o objetivo de praticamente cobrir 100% das áreas onde é cultivada a cana processada nas sete unidades da Tereos.
“Mesmo estando em regiões prósperas do interior de São Paulo, ainda existem locais ondem tem dificuldade de cobertura”, afirma Carlos Simões, diretor Agrícola e de Planejamento da Tereos. “Nosso número, antes dessa iniciativa, era de apenas 43% de cobertura com algum tipo de sinal viável para se transmitir dados, ou seja, no mínimo 3G”.
Com o projeto, a empresa deve chegar a um índice de 96% até agosto do próximo ano, segundo Simões. “As empresas vão trabalhar para 100%, mas sabemos que haverá locais que, em função da topografia, ainda vão ficar como pontos cegos”.
Esses pontos cegos, atualmente, são entraves em um processo de integração digital de todas as operações da companhia. “Onde quer que tenha operação, a falta de conectividade é um problema”, diz o diretor.
Desde 2017, por exemplo, a empresa utiliza em suas operações agrícolas soluções de automação fornecidas pela agtech brasileira Solinftec. Hoje, são mais de mil equipamentos com sensores capazes de enviar de informações e dados em tempo real para a central de operações agroindustriais (COA) do grupo, localizada na Usina Cruz Alta, na região de Sertãozinho.
Ali funciona uma espécie de matriz operacional da companhia, de onde os técnicos da empresa deveriam poder acompanhar a operação de cada máquina em campo, segundo a segundo, identificando e corrigindo eventuais ocorrências em tempo real.
Quando as máquinas entram em um ponto cego, porém, a conexão se vai e, com ela, o indicador em tempo real, que só entra no sistema descarrega quando entra em área com cobertura.
“O grande benefício é permitir que todo esses sistema de integração equipamentos e sensores nos forneçam resposta em tempo real”, avalia Simões.
Além de eficiência operacional, com capacidade de tomar decisões com mais rapidez no que se refere a etapas como a mecanização e a logística nos canaviais, ele acredita que conseguirá ter ganhos de produtividade por poder utilizar de forma plena um sistema implantado em 2021 para suportar todo o processo agrícola, do preparo do solo à entrega da cana na balança.
Desenvolvido pela empresa GAtec, de Piracicaba, o sistema automatiza e georreferencia todos os apontamentos feitos pelo time de campo da Tereos nas operações de manejo nos canaviais. A ideia, então, era substituir todas as anotações de papel por processos digitalizados, com o uso de dispositivos móveis, que enviariam os dados diretamente para a nuvem dedicada da Tereos.
“A falta de conectividade foi um grande gargalo para destravar o benefício total desse sistema. A equipe fazia a anotação e só descarregava em outro lugar. E em ciência de dados, ou tem qualidade e precisão, ou é melhor não usar os dados para determinadas decisões”, diz Simões.
Ele entende que, a partir do momento em que todos os dados forem incluídos imediatamente com as informações de georreferenciamento, será possível associar produtividade com reduções no uso de insumos, com impactos positivos nos custos e ambientais.
Dentro da solução Campo Conectado, da Embratel, o COA da Tereos adicionará um centro de gestão de rede exclusivo para a gestão da qualidade do sinal, disponível 24 horas por dia. “Com o Campo Conectado, será possível integrar os mais diversos maquinários com tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Análise de Dados e Computação em Nuvem”, afirma Adriano Rosa, diretor-executivo da Embratel.
“Sem a conectividade, as altas tecnologias já disponíveis no campo não se integram nem atingem seu potencial”, concorda Rodrigo Oliveira, CEO da Sol.