Com o início do terceiro trimestre, as empresas de alimentos já viram seus olhos para uma época de boas vendas: as festas de final de ano. Além do Natal e do réveillon, as comemorações corporativas e os encontros de amigo-secreto são apostas para aumentar a arrecadação.

Na BRF, dona da Sadia e da Perdigão, a expectativa é aumentar de 5% a 6% o faturamento do portfólio de festas de fim de ano frente ao visto no ano passado.

Segundo Marcel Sacco, vice-presidente global de marketing e novos negócios da BRF, a ideia também é aumentar o market share, que ficou em 58% para essa linha de comemorativos no ano passado, em um ou dois pontos percentuais.

“Viemos de um ano que já ganhamos market share. Essa linha de comemorativos foi uma linha inaugurada por Sadia e Perdigão no passado, e queremos continuar a ganhar mercado”, disse em coletiva a jornalistas nesta segunda.

Além da expectativa de mais arrecadação, a BRF contará com uma ajudinha de seu acionista controlador, a Marfrig, de Marcos Molina.

Pela primeira vez, o portfólio para essas festas, que em 2023 terá 31 itens, contará com um produto bovino - um cupim assado. Esse é um movimento marcante da controladora da BRF, que vem aumentando sua participação da dona da Sadia e da Perdigão cada vez mais neste ano.

No final de setembro, a Marfrig atingiu os 40% de participação na BRF. O movimento é constante desde abril do ano passado, quando a Marfrig elegeu a maioria do conselho de administração da BRF e passou a controlar a empresa.

Neste ano, o conselho de administração ainda extinguiu o chamado poison pill, um mecanismo que impedia qualquer acionista de ultrapassar os 33,3% de participação sem fazer uma oferta pública para todos os acionistas da companhia.

Ainda em 2023, a Marfrig trouxe para dentro do jogo o grupo saudita Salic, que hoje conta com 10% de participação na BRF.

“Trabalhamos em conjunto com a Marfrig para aproveitar as sinergias que essas duas empresas, que possuem fortalezas fantásticas, possuem”, disse Sacco.

Segundo o executivo, a ideia de trazer o produto bovino ao portfólio veio de uma demanda do consumidor.

Em pesquisas internas, a BRF constatou que festas com churrascos estão sendo cada vez mais presentes nas épocas comemorativas. “Existe um consumo importante de carne bovina nos comemorativos e estávamos ausentes. Chegamos com o cupim assado para atingir esse espaço, a tendência é atender essa lacuna cada vez mais”, completa.

Marcel Sacco não deu detalhes sobre o faturamento específico das festas de final de ano no bolo da empresa, mas destacou que é um momento relevante nos negócios e também no fortalecimento das marcas.

Olhando os balanços oficiais da BRF, em 2022, o quarto trimestre, período que vai de outubro a dezembro, foi o mais rentável para a empresa. A receita líquida destes meses ficou em R$ 14,7 bilhões.

Nos três primeiros trimestres, a arrecadação foi de R$ 12 bilhões, R$ 12,9 bilhões e R$ 14 bilhões, respectivamente do primeiro ao terceiro trimestre.

A expectativa de crescimento de 5% a 6% nas vendas é explicada, segundo Sacco, por uma dinâmica melhor tanto na inflação brasileira quanto no nível de desemprego, que está menor do que estava em 2022.

Além disso, o mix de produtos, que agora conta com produtos de tamanho menor, pode dar mais opções aos consumidores, na avaliação do executivo. “Os preços serão os mesmos do ano passado, então o mesmo desembolso traz mais escolhas para o consumidor final”.

A dinâmica de queda nos preços dos grãos, como o do milho, por exemplo, principal produto usado na alimentação de aves e porcos, que dominam o portfólio da BRF, não afeta tanto a dinâmica para o consumidor final.

Segundo o vice-presidente de marketing e novos negócios, a BRF começa a produção dos produtos de final de ano em fevereiro, por isso a “curva de queda do preço dos grãos entra no preço de forma escalonada”.