Com mais de 38 anos de atuação no Agronegócio, Eduardo Leduc foi um observador privilegiado adas transformações do setor nas últimas décadas.
Durante quase 10 anos atuou como CEO da divisão agrícola da Basf na América Latina e viveu, na prática, o impacto da chegada da era ESG ao campo e às empresas do setor.
Nesse artigo escrito especialmente para a coluna Educar e Semear, ele traz sua visão sobre como a liderança das empresas devem conduzir as questões relacionadas à sustentabilidade, área cujo comitê também presidiu na Basf. Boa leitura:
Os profissionais do Agro e o ESG
Estamos vivendo um momento em que a escassez de recursos naturais, as mudanças climáticas e os questionamentos sobre os impactos das empresas na sociedade e no meio ambiente tornam inevitáveis as discussões sobre a responsabilidade socioambiental das organizações.
A atratividade e longevidade de uma empresa, sob a ótica dos investidores, colaboradores, agentes financeiros, formadores de opinião e clientes, passam a depender não somente do resultado financeiro, mas também dos impactos positivos ou negativos de suas atividades e de seus produtos.
Isso exige que a alta liderança trabalhe, com transparência e seriedade, a estratégia de sustentabilidade da empresa. E, como consequência, a sigla ESG (environmental and social governance) vem ganhando prioridade na agenda do corpo diretivo.
A não implementação de uma boa estratégia de ESG irá, mais cedo ou mais tarde, acarretar problemas de reputação, multas, restrições regulatórias e de crédito.
Por isso, é muito importante trabalhar ESG almejando de verdade ter uma empresa e oferecer produtos cada vez mais sustentáveis. Caso contrário, será bem mais caro correr atrás do prejuízo, além de que, provavelmente será tarde demais.
Na agricultura, os impactos de qualquer atividade ao meio ambiente e sociedade são relativamente fáceis de serem identificados. A sua contribuição, direta ou indireta, para uma produção de alimentos em maior quantidade e melhor qualidade, já é naturalmente engajadora e motivo de orgulho dos profissionais do Agro.
Cada colaborador consegue participar concretamente na implementação da estratégia de ESG. Em logística, você pode trabalhar rotas e modais de transporte com menor emissão de CO2; na produção, pode reduzir resíduos, consumo de água e de energia; na área jurídica, garantir a ética e transparência nos negócios; em recursos humanos, promover a inclusão e diversidade; na área de pesquisa, desenvolver produtos cada vez mais seguros e eficientes que resultem em maior produtividade.
A equipe de campo pode fomentar o uso correto e seguro das tecnologias, agricultura de precisão, destinação correta de embalagem, capacitar canais de distribuição e assim por diante.
Lembre-se que a sustentabilidade é sempre relativa, pois a ciência evolui a cada dia, e em todas as decisões você poderá comparar as alternativas disponíveis, buscando o melhor equilíbrio.
No âmbito da agricultura profissional, devemos entender que a sustentabilidade não é filantropia, e sim um tema técnico e racional baseado em ciência, evitando assim decisões ideológicas ou emocionais.
O corpo diretivo das empresas deve entender que ESG não é marketing, não é abrir mão do lucro, não é coisa de ativista e sim uma maneira responsável de gerir os negócios.
Eduardo Leduc foi CEO América Latina da divisão agrícola e presidente do Comitê de Sustentabilidade da Basf. Atua há mais de 38 de agronegócio, sendo atualmente presidente da ONG Centro Educacional e Ecológico de Proteção Ambiental (Ceepam), dedicada à preservação da Mata Atlântica e soltura de animais silverstres, e professor associado da Cumbre. É também conselheiro do CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente.
Felipe Treitinger é engenheiro agrônomo , CEO e Fundador da Cumbre, empresa de treinamentos e capacitações para profissionais do agronegócio.