O acionista da BRF vive uma verdadeira montanha russa em 2023. Nesta sexta-feira, dia 28, com o abrandamento das restrições à carne de frango de Santa Catarina pelo Japão, por conta dos protocolos de gripe aviária, o dia foi de sentir o alívio da subida.
Em março, a ação atingiu a mínima deste ano, valendo R$ 5,57, e a partir daí, engatou um movimento de alta que levou o papel a superar os R$ 10, no início de julho, com as notícias sobre a oferta de ações com aporte de dinheiro pela Marfrig.
Logo depois, com a notícia de surgimento de um caso de gripe aviária em ave doméstica em Santa Catarina, a ação começou nova trajetória de baixa, chegando a menos de R$ 8,40 no início desta semana.
Nesta sexta-feira, a ação subiu mais de 7%, e fechou perto da marca de R$ 9,20. Isso porque o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que está em missão na Ásia, conseguiu negociar o abrandamento da restrição japonesa. A ação da Marfrig acompanhou a tendência, com alta de 4%.
O governo do Japão concordou em restringir a importação de carne de frango somente de municípios que registrarem casos de gripe aviária, é o que se chama de regionalização dos protocolos sanitários, algo que governo e setor produtivo estão tentando para diferentes mercados.
No caso de Santa Catarina, somente o município de Maracajá, que teve um caso registrado em ave doméstica, continua com a restrição.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart, o caso registrado na cidade catarinense já foi resolvido. No entanto, é preciso aguardar um prazo de 28 dias para elaborar um relatório sanitário que será analisado pelas autoridades japonesas para retomada da comercialização do frango produzido em Maracajá.
João Abdouni, analista da Levante Corp, disse que a notícia deu um grande alívio aos investidores. “Já ocorreu no passado de países levantando barreiras contra o frango produzido em todo o país”, lembrou. Segundo ele, esse foi o receio que levou a ação a cair de forma significativa no começo de julho.
Renato Reis, analista da DVInvest, casa de análise parceira da Blue3 Investimentos, lembra que o abrandamento das restrições japonesas destravou o valor da BRF, já que outros fundamentos importantes para a empresa se mostram positivos.
“O frango da BRF é um milho que voa. Os preços dos grãos voltaram a cair nesta semana, com a Rússia dando sinais de que pode voltar a aderir ao acordo que permitia exportação de alimentos pela Ucrânia. O Japão era a grande preocupação, que se desfez hoje”, explica Reis.
Nas prévias para os resultados da BRF referentes ao segundo trimestre de 2023, as casas demonstram otimismo moderado.
A XP aponta uma recuperação nas margens em relação ao primeiro trimestre, especialmente no mercado doméstico, mas o excesso de oferta continua pressionando os preços do frango no exterior.
“As exportações ainda estão crescendo em relação ao ano anterior, mas o crescimento no segundo trimestre foi de apenas 3%, não removendo a pressão de oferta doméstica”, dizem os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP.
O Bank of America tem projeção semelhante para os números da BRF, com margem total de 6%, ante 4% no primeiro trimestre.
“As margens no Brasil devem melhorar tanto na comparação trimestral quanto na anual, com a resiliência de preços em produtos processados”, dizem Isabella Simonato e Guilherme Palhares, do BofA.
O banco projeta um prejuízo superior a R$ 600 milhões para a BRF no segundo trimestre, enquanto a XP projeta perdas de R$ 830 milhões. O desempenho deve ser provocado principalmente pelas maiores despesas financeiras no período.