Família com tradição na agricultura, os Horsch cultivam trigo, cevada, beterraba açucareira e milho na Alemanha. No Brasil, possuem 40 hectares de terra. “Mas é só para fazer fábrica”, brinca Rodrigo Duck, CEO da Horsch no Brasil.
Nesse terreno, em Curitiba (PR), eles investiram R$ 350 milhões nos últimos anos. Desde abril passado, saem dali semeadoras, plantadeiras e equipamentos para pulverização que têm feito a marca, que desembarcou por aqui em 2015, crescer a uma média de 40% ao ano.
“Não é um número que gostamos de divulgar”, afirma Rodrigo. “Preferimos focar na qualidade, no fato de que nossos produtos são criados por produtores para produtores”.
Em menos de 40 anos, os Horsch produtores rurais transformaram equipamentos que desenvolveram para ajudar no manejo da sua propriedade em um grande negócio.
Hoje controlam uma multinacional com unidades industriais em quatro países (Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Brasil) e presença em regiões como Ucrânia, França, Reino Unido e China.
Nesta terça-feira, 6 de junho, o executivo estava na Bahia Farm Show, feira em Luiz Eduardo Magalhães que se tornou maior evento agropecuário do Nordeste, apresentando duas novidades com esse conceito.
A primeira é um protótipo: uma semeadora autônoma e autopropelida Horsch RO G 500, desenvolvida para seguir, no campo e sem controlador humano, as linhas de plantio planejadas em um software próprio.
A máquina, ainda sem data para chegar ao mercado, é resultado de cerca de 20 anos de estudos e de desenvolvimento, na Alemanha e no Brasil, e faz parte de um esforço da companhia para se posicionar em uma frente que deve dominar a venda de máquinas e implementos agrícolas nos próximos anos.
Um estudo da consultoria Spherical Insights estima que os equipamentos agrícolas autônomos já movimentam US$ 72 bilhões ao ano e devem crescer a uma taxa anual de 10,2%, atingindo US$ 192 bilhões em 2032.
“Esse é apenas um dos conceitos em que estamos trabalhando. Há outros sendo desenvolvidos na Alemanha, que devem nos permitir dar passos significativos em direção à plena automação e autonomia no campo", diz Duck.
O segundo equipamento apresentado na Bahia já é comercial: uma semeadora de 106 linhas, anunciada como a maior disponível no mercado brasileiro, desenvolvida com olhar para as grandes áreas de cultivo da região conhecida como Matopiba (que engloba terras do Maranhão, Ticantins, Piauí e Bahia), além do Centro-Oeste.
Segundo Duck, o equipamento é voltado para o plantio de culturas de cobertura na entressafra de grãos, principalmente nessas regiões, que hoje concentram grande parte dos negócios da empresa no Brasil.
Em seu desembarque no Brasil, a empresa optou por focar na região que responde por 50% do plantio de soja no País. Agora, diz o executivo, um projeto de expansão começa a ganhar forma, começando pelas áreas próximas à BR-163, em Mato Grosso, e pelo Oeste do Paraná.
A decisão de instalar a fábrica em Curitiba, por sua vez, tem motivações culturais e logísticas. “Buscamos, em primeiro lugar, um local onde tivéssemos uma rede de fornecedores parceiros”, explica Duck.
Também a facilidade de encontrar mão-de-obra capaz de absorver rapidamente a cultura germânica da empresa pesou na escolha. “Curitiba tem essa facilidade e, da diretoria ao soldador, precisávamos encontrar gente que compreenda a língua alemã”.