O Banco Daycoval e a Möbius Capital anunciaram o início da oferta pública primária de um Fiagro Imobiliário de até R$ 170 milhões. A instituição financeira será a administradora fiduciária e coordenadora líder da oferta e a Möbius a gestora do fundo Trust Feeder, destinado exclusivamente a investidores profissionais.
Segundo o prospecto da emissão, serão distribuídas até 500 mil cotas subclasse subordinada e 1,2 milhão de cotas subclasse sênior a um valor unitário de subscrição e integralização de R$ 100,00.
Não será admitido lote adicional do Fiagro, mas será possível distribuição parcial de cotas. No entanto, a oferta só será efetivada se forem colocadas, no mínimo, 100 mil cotas da cada classe, num total de R$ 20 milhões. A taxa de distribuição será de 3%.
O período de subscrição, iniciado na sexta-feira, 17 de janeiro, se encerra em 14 de julho. Não foram publicados detalhes adicionais da operação.
A Mobius Capital é pouco conhecida no agronegócio. No geral, é lembrada por atuar no mercado de investimentos alternativos, incluindo a estruturação de dívidas para financiar empresas e fundos de ativos judiciais.
Em 2023, por exemplo, o AgFeed mostrou que a gestora atuou na emissão de um CRA onde a Energética Santa Helena, que havia superado uma recuperação judicial, captou R$ 165 milhões.
O anúncio do Fiagro Trust Feeder ocorre em meio ao veto presidencial à isenção desses fundos da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), aprovadas na reforma tributária.
O anúncio, dia de 16 de janeiro, fez com que parlamentares da bancada ruralista e agentes do mercado iniciassem a articulação para a derrubada do veto. Com isso, os Fiagros, até então isentos de tributação, passariam a ser taxados.
Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), entretanto, avaliam que não existe a menor possibilidade de o veto ser mantido e que a isenção foi negociada com a Receita Federal na tramitação da lei.
“Vamos derrubar o veto e não há negociação, pois houve acordo com a Receita. Aí fica o jogo de empurra entre a AGU (Advocacia-Geral da União) e a Fazenda sobre quem bancou o veto”, disse o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
A derrubada do veto, no entanto, tem de entrar na fila de prioridades após a volta do recesso parlamentar, em fevereiro. Além da escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado, uma sessão está marcada para o próximo dia 3 para a votação da lei orçamentária de 2025.
Os fundos do agro listados na Bolsa tiveram um 2024 turbulento. Com a recuperação judicial da Agrogalaxy, os Fiagros, que ensaiavam uma recuperação no preço das cotas no segundo semestre, encerraram o ano numa queda em uníssono.
Mesmo com as intempéries, os Fiagros vinham crescendo na captação de recursos no ano passado. Relatório do Banco Central apontou que, em outubro de 2024, esses fundos atingiram R$ 41,30 bilhões em estoque, alta de 127% ante igual mês de 2023.