Mesmo com uma alta na receita líquida, que atingiu R$ 3,1 bilhões no terceiro trimestre do ano fiscal de 2024 da Camil (período que vai de setembro a novembro do ano passado), o lucro líquido da empresa caiu 69% em um ano, refletindo uma alta de custos na companhia.
Na soma dos três meses, o lucro líquido atingiu R$ 44,4 milhões.
No balanço divulgado pela companhia nesta quinta-feira, 9 de janeiro, a administração da empresa pontuou que os custos das vendas e serviços aumentaram 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 2,57 bilhões, representando 83% da receita líquida.
Do terceiro trimestre do ano de 2023 para este, a margem bruta da empresa recuou de 19,3% para 17,2%.
Em termos operacionais, o resultado foi impactado por menores volumes e rentabilidade no Brasil, que compensaram uma boa rentabilidade no resultado internacional.
Por segmento, nas vendas da área chamada pela Camil de "Alto Giro", que inclui grãos (arroz e feijão) e açúcar, houve redução nos volumes devido a menores compras por varejistas e sazonalidade, especialmente nos grãos, segundo a empresa.
O volume total de vendas desse segmento atingiu 338,3 mil toneladas no trimestre, considerando vendas no Brasil, representando uma queda de 5,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Dentro deste segmento, a receita do açúcar foi de R$ 153 por saca, uma leve queda de 1,1% em um ano, R$ 116 no arroz, alta de 9,9% e R$ 222 no feijão, 5,5% acima do ano anterior.
“Apresentamos queda nos volumes impulsionados pela redução de grãos, justificado por menores volumes de compras por parte dos varejistas no trimestre”, disse a Camil.
A empresa já esperava esse movimento, como parte da sazonalidade natural do mercado. “Esse é um movimento comum historicamente, tanto em momentos de constantes quedas de preços de arroz no mercado, como no registro de uma menor sazonalidade de vendas quando nos aproximamos do final do ano”, afirmou a Camil no balanço.
No segmento de "Alto Valor", que abrange pescados, massas, biscoitos e café, o volume no Brasil totalizou 45,5 mil toneladas, um crescimento anual de 11,3%.
Esse desempenho foi impulsionado por maiores volumes nas novas categorias e pela valorização de produtos como café e pescados, segundo a Camil. O preço médio desses produtos foi de R$ 12,6 por quilo no trimestre, em linha com o ano anterior.
No mercado internacional, que considera as duas linhas, o volume total de vendas alcançou 156,4 mil toneladas, uma redução de 12,7% em relação ao mesmo trimestre de 2023.
De acordo com a Camil, houve menos exportações para mercados no Uruguai e Chile. Ainda assim, a receita internacional apresentou aumento devido ao crescimento dos preços médios nesses mercados e no Peru.
No trimestre, a produção consolidada atingiu 540 mil toneladas, uma redução de 6,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No mix de receita que bateu R$ 3,1 bilhões, 49% veio da linha “Alto Giro”, 31% do segmento internacional e 20% do “Alto Valor”.
A dívida líquida da empresa atingiu R$ 3,5 bilhões ao final do trimestre, alta de 15% em um ano, mas a alavancagem se manteve estável em 4,3 vezes (a relação entre a dívida e o Ebitda).
A companhia deve começar a sentir nos próximos balanços os efeitos de aquisições recentes tanto na dívida quanto na alavancagem.
Em setembro de 2024, a companhia anunciou que comprou 100% da Rice Paraguay e outros 80% da Villa Oliva Rice, entrando no mercado vizinho.
"A aquisição vem em linha com a estratégia de continuidade da expansão internacional da companhia, viabilizando o início da operação de arroz no mercado paraguaio, a diversificação e a melhoria da competitividade da originação do produto", informou a Camil em fato relevante divulgado na época. Os valores não foram divulgados.