Foi uma manhã de conversas difíceis entre os principais executivos da AGCO e os investidores nesta quinta-feira, 19 de dezembro.
Reunidos para o seu encontro anual, em Nova York, no dia seguinte aos preços da soja atingirem seu menor preço dos últimos quatro anos, não havia como ser diferente.
“Temos um mercado muito mais fraco”, disse à plateia Eric Hansotia, CEO da multinacional americana de máquinas agrícolas, dona de marcas como Massey Ferguson, Fendt e Valtra.
“Geralmente, em cada ciclo de negócios, há um ano em que ele vai de muito bom para não tão bom e há uma grande correção. Estamos no meio disso agora.”
Traduzindo em números essa correção, a empresa divulgou sua projeção de receita para 2025 e ela frustrou os investidores. A estimativa é de vendas de US$ 9,6 bilhões, uma redução significativa em relação aos US$ 12 bilhões previstos para este ano.
Uma parte dessa queda é explicada pela venda, em julho passado, da GSI, divisão do grupo voltada para a produção de equipamentos para armazenamento de grãos e sistemas para criação de aves e suínos. O negócio rendeu US$ 700 milhões à companhia.
Mas o que pesa mesmo nas contas da AGCO é a expectativa de que o mercado de máquinas agrícolas nos Estados Unidos encolha 25% no próximo ano.
“Não é nenhuma surpresa para ninguém aqui: o setor agrícola continua a enfraquecer”, reforçou Damon Audia, CFO do grupo, na reunião.
Não muito longe dali, no pregão da Bolsa de Nova York, os negócios com as ações da AGCO refletiam o discurso dos executivos. Chegaram a cair até 6,1%, maior redução desde 5 de novembro. No ano, a desvalorização supera 30%.
Os preços baixos das commodities agrícolas, que reduzem a capacidade de investimentos dos agricultores, foram apontados, como não poderia deixar de ser, como as responsáveis pela freada continuada das vendas.
Outro fantasma que paira sobre a indústria é a ameaça do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas sobre produtos importados da China, México e Canadá.
O setor agrícola americano, que já havia sofrido perdas bilionárias quando, em seu primeiro mandato, Trump havia promovido uma guerra comercial com a China, fazendo com que o país oriental reduzisse drasticamente a compra de produtos dos EUA, temem que essa situação se repita.
Do ponto de vista positivo, entretanto, a AGCO afirmou que tem conseguido ampliar sua participação de mercado, sobretudo com os equipamentos de última geração da marca Fendt e da plataforma de tecnologia PTx de agricultura de precisão.