O mercado de insumos biológicos cresce a taxas aceleradas e, mesmo em tempos de crise no campo, tem mostrado que é uma tendência que vem para ficar, despertando interesse de investidores em todo o mundo.
A mais recente demonstração nesse sentido foi dada nesta quinta-feira, 15 de fevereiro, pela gestora holandesa HAL Investments, subsidiária da HAL Holding, que, ao final do terceiro trimestre do ano passado, declarou possuir 13,7 bilhões de euros (mais de R$ 75 bilhões) em ativos.
Com um cheque de 140 milhões de euros (o equivalente a R$ 750 milhões), o grupo anunciou um investimento na sua conterrânea Koppert, multinacional que lidera o mercado global no segmento e que tem no Brasil um de seus principais mercados.
Segundo informou a Koppert, em comunicado, os recursos servirão para financiar a expansão das instalações de produção e capital de giro da Koppert, “apoiando o crescimento em todo o mundo”, bem como ajudar a empresa em investimentos futuros, que podem ser fusões e aquisições.
Em nota, René Koppert, CEO da Koppert, se mostrou feliz com a nova parceria para impulsionar o crescimento da empresa da família.
“Esta colaboração irá acelerar as nossas iniciativas de pesquisa e desenvolvimento, impulsionando a criação de soluções de ponta para a agricultura biológica e sustentável”, declarou.
Em visita ao Brasil, em janeiro passado, René e seu irmão, Martin Koppert, executivo-chefe de Negócios da companhia, anteciparam, em entrevista ao AgFeed, que a companhia estava prestes a concluir uma rodada de investimentos.
“Estamos planejando algo, mas ainda é um pouco cedo para contar”, afirmou Martin na ocasião. “Por conta do crescimento, teremos de investir em capacidade de produção e em novos produtos, especialmente em microbiológicos”.
Grande parte desses investimentos deve ser alocado no Brasil. Em 2022, ao inaugurar uma planta de R$ 70 milhões para formulação em Charqueada, na região de Piracicaba (SP), a companhia revelou planos de investir mais R$ 700 milhões no País nos próximos anos, o que envolveria a construção de três novas plantas.
Com o aporte, a Koppert também ganha musculatura para enfrentar uma concorrência cada vez mais acirrada, sobretudo no Brasil.
No ano passado, por exemplo, a belga Biobest, uma das principais concorrentes da Koppert na Europa, pagou R$ 2,8 bilhões peloo controle da brasileira Biotrop, que pertencia ao fundo Aqua Capital.
Para os irmãos Koppert, esse interesse de outros grupos tem um aspecto positivo, ao chamar a atenção oara o segmento e estimular a adoção de biológicos. “Continuamos ganhando market share, o que mostra que estamos lidando bem com essa competição”, disse Martin. “A presença de outras empresas nesse mercado de certa forma nos ajuda a tornar o mercado de biológicos muito maior”.
Dos navios ao agro
De acordo com a HAL, o investimento foi feito através da aquisição de ações preferenciais da Koppert, cujo montante não foi revelado. Em um anúncio oficial, a gestora estima que a receita da investida esteja em 417 milhões de euros anuais (cerca de R$ 2,3 bilhões).
A HAL nasceu da Holland Amerika Line (HAL), de cruzeiros e viagens. Quando vendeu os últimos ativos de navegação no final dos anos 1980, passou a se tornar uma empresa de investimentos.
Segundo a gestora, o modelo de negócio é baseado na aquisição de participações significativas em empresas, atuando também como acionista relevante ou membro do conselho.
No Brasil, a empresa comprou do Pátria Investimentos, em 2007, a rede brasileira de varejo fotográfico Fotoptica. Antes, havia comprado a rede de lojas Fábrica de Óculos, em 2006.
O portfólio de investimentos da HAL é bastante diversificado e conta com empresas que vão da área de energias renováveis à produção de games. Com a Koppert, a gestora faz sua estreia no agronegócio.