O otimismo com a indústria de Fiagros e o sentimento de ter “validado a tese” são razões apresentadas pela TerraMagna, startup especializada em crédito para o agro, ao justificar o desempenho acima do esperado em 2023.

Em entrevista ao AgFeed, o diretor de Crédito e Gerenciamento de Risco da TerraMagna, Gustavo Schaper, disse que a empresa "puxou a fila” no mercado de Fiagros. Ao criar seu próprio fundo – um Fiagro FIDC hoje com patrimônio de R$ 475 milhões – diz ter estabelecido um ambiente favorável para que seus clientes, a maioria revendas de insumos agrícolas, apostassem cada vez mais no mercado de capitais como fonte de financiamento.

"Antes a única estrutura viável era o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), e como a própria TerraMagna validou o o uso do Fiagro-FIDC, passamos a discutir com os parceiros para que eles tivessem estrutura própria”, explicou Schaper.

O resultado disso é que muito em breve devem ser lançados novos fundos dos clientes da TerraMagna, baseados no modelo que já existe. A expectativa é captar pelo menos R$ 300 milhões, além do Fiagro que já está no mercado.

"Usando como referência o fundo que possuímos, estruturamos um novo fundo proprietário para nossos clientes. Replicamos a politica de crédito, com os mesmos parceiros, gestores, tendo a TerraMagna como consultor especializado de crédito. Como tem similaridade, os investidores têm uma credibilidade adicional”, ressaltou.

O executivo destaca que o Fiagro-FIDC é mais barato e oferece maior flexibilidade. "Neste ano tivemos atraso nas negociações da safra, e com os Fiagros FIDCs conseguimos deslocar a janela de revolvência, ou seja, não precisa ter aquele prazo estabelecido no CRA", afirma.

Gustavo Schaper disse a meta de alcançar R$ 1,5 bilhão na carteira de crédito da TerrraMagna em 2023 foi alcançada em outubro, por isso calcula que o ano encerre próximo de R$ 1,7 bilhão.

Novas regras

Outro fator que deve impulsionar os fiagros orientados pela TerraMagna são as regras definitivas para estes fundos, que tendem a ser publicadas no primeiro trimestre do ano que vem, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A consulta pública já foi aberta para receber as sugestões dos envolvidos.

Na minuta apresentada pela CVM está a proposta de unificar os três tipos de Fiagros hoje existentes – FIDC, FII e FIP – criando os chamados “multimercado”.

"Também estamos bastante otimistas, acho que a junção destes três vai aumentar as possibilidades de desenhar a operação para as revendas”, disse o diretor da Agfintech.

Ele acredita que, com mais este impulso das novas regras, seja possível no mínimo dobrar o volume de operações no ano que vem, “já que o agro como um todo está em expansão e a necessidade de crédito também precisa acompanhar, é por meio destas ferramentas que as revendas financiam os produtores rurais".

Schaper diz que comunicaram os clientes sobre as mudanças recentes e houve um grande interesse. "Aqueles que era mais desconfiados, agora tendem a impulsionar o crescimento dos Fiagros”.

Sobre o ano marcado por queda nas commodities e problemas financeiros em algumas empresas, o executivo diz que o reflexo para a TerraMagna foi ter um rigor ainda maior ao analisar as operações.

"Precisamos ficar mais atentos, a concessão de crédito tem que ser menos emocional e mais racional ao selecionar a melhor carteira, afinal o custo de capital está alto e a margem do produtor está menor", lembrou.