Assim como era esperado pelo mercado, a SLC Agrícola viu seu lucro líquido recuar no segundo trimestre deste ano quando comparado com o mesmo momento em 2022.
Como a companhia atua diretamente com commodities como soja, algodão e milho, a relação entre o baixo preço desses produtos e o alto custo dos insumos, adquiridos ainda em momento de alta, prejudicou o resultado final do balanço, que foi divulgado na noite de quarta-feira (9).
A SLC teve um lucro líquido de R$ 348,7 milhões no segundo trimestre de 2023, montante 28,2% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022, que foi de R$ 485 milhões.
No acumulado do primeiro semestre deste ano, o lucro líquido foi de R$ 923 milhões, 28% menor que no ano passado nesse período, de R$ 1,2 bilhão.
Esse momento de queda das commodities impactou diretamente a receita líquida total da SLC. O indicador recuou 13,2% no comparativo anual, e chegou aos R$ 1,4 bilhão.
Por cultura, a receita das vendas de soja, milho e algodão caíram de um ano para cá. A baixa mais expressiva foi vista no milho, que teve uma arrecadação 43% menor.
No balanço, a administração da companhia divulgou uma carta aos acionistas onde afirmou que o segundo trimestre “foi marcado pela consolidação das produtividades das principais culturas”.
“Os resultados do trimestre, apesar de serem mais baixos quando comparados ao mesmo período do ano anterior, apresentam boas margens e estão em linha com os resultados históricos”, afirmou a SLC em seu balanço.
Além disso, a empresa destacou que no segundo semestre, realizará a venda e entrega do algodão e milho, em fase de colheita, onde os custos já foram desembolsados. “Isso nos faz projetar um cenário mais positivo para caixa e na relação Dívida Líquida/EBITDA Ajustado”.
Na avaliação do head de agro, alimentos e bebidas da XP, Leonardo Alencar, a SLC apresentou um trimestre fraco com margens mais baixas em todas as culturas, refletindo custos mais altos do que o previsto. Apesar disso, destacou o resultado do Ebitda, que veio acima das expectativas da corretora e encerrou o segundo trimestre em R$ 569 milhões.
Outro ponto positivo para Alencar foram as produtividades melhores do que o esperado, especialmente para o algodão.
Segundo a SLC, a produtividade projetada do algodão em pluma para a safra 2022/23 está em duas toneladas por hectare tanto na primeira quanto na safrinha.
Com esse cenário se mostrando verdadeiro, o avanço da produtividade, quando comparada com a temporada 2021/22 seria de 19,2% na primeira safra e 58% na segunda.
Já a produtividade projetada da soja deve ficar 1,6% menor que na última safra. No milho, o avanço pode chegar a 23%.
“Essa produtividade melhor pode ser um vento favorável bem-vindo em um cenário de commodities desafiador, além da maioria dos insumos para a temporada 23/24 já terem sido adquiridos”, destacou o analista da XP em relatório.
Por já ter pago os insumos para a safra 2023/24, a empresa viu sua dívida líquida aumentar em R$ 1,6 bilhão do final do ano passado até o segundo trimestre, quando fechou em R$ 3,9 bilhões.
"A dívida líquida foi impactada principalmente em função do pagamento dos insumos agrícolas da safra 2022/23 e do pagamento de arrendamentos. Cabe salientar que o aumento do endividamento nesse período do ano é esperado, considerando o ciclo financeiro do negócio", explicou a SLC.